O primeiro, mais antigo e mais nobre jogo que merece figurar com esta designação é decerto o jogo de xadrez. No entanto, entende-se por wargame, «jogo de guerra», uma simulação mais representativa de uma certa batalha, uma certa época com as suas especificidades bélicas. Por exemplo, com soldadinhos de chumbo que bastem (a pé, montados, e respectiva artilharia), é possível, recorrendo apenas a uma régua onde se marcam as distâncias de movimentação e de fogo, segundo certas regras de resolução dos combates (recorrendo ou não ao aleatório representado por um dado), reconstituir uma batalha napoleónica.
Os jogos que se referem a guerras mais actuais, representam unidades de tanques, de aviões (caças, bombardeiros, de ataque ao solo, ...), de artilharia, de infantaria, etc. Muitos jogos representam ainda as chefias (dão por exemplo mais pontos às unidades envolvidas em combate), ou as unidades logísticas (muitas vezes uma das mais importantes funções). Jogam-se sobre «tabuleiros» que são mapas dos cenários geográficos envolvidos, com as respectivas estradas (onde as tropas se movimentam mais depressa) e relevos (onde se movimentam mais devagar e a defesa tem vantagem). Regra geral jogam-se sobre malhas hexagonais, sendo as movimentações das peças definidas por número de casas que podem percorrer numa jogada (consoante a qualidade do terreno), estando o seu poder de fogo também definido em pontos de combate (combate que será depois resolvido aos dados). De duas a muitas horas, do mais simples ao mais complicado, são jogos emocionantes em que o jogador se sente na pele de um general face às decisões que tem de tomar, que irão afectar de forma irreversível o andar do conflito. Este tipo de jogo, para além de fazer as delícias do amante de história «bélica», refazendo-a sob os seus olhos, tem o mérito de ensinar coisas muito úteis: colocando o jogador perante a necessidade de discriminar positivamente a alocação de recursos necessariamente escassos, de deles conseguir extrair o melhor rendimento, é, tal como o xadrez, um óptimo instrumento lúdico de formação para a tomada de decisão. Hoje, as guerras são essencialmente económicas e os generais de que precisamos são empresários. Nada melhor para formar empresários do que treinar as pessoas para saberem decidir, para saberem combinar recursos, para saberem contar com a estratégia do «outro». Na «guerra» que se avizinha, a competitividade vai estar nas pessoas, na sua qualidade para reagirem de forma autónoma, e de saberem aproveitar as oportunidades que não deixarão de emergir nesse novo contexto geoeconómico. Há pois que investir nessa qualidade humana tão escassa e tão valiosa, que é a mentalidade do empresário. Por isso se recomenda a todo o candidato a empresário que não deixe de aprender a jogar xadrez.
.