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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Estado do Xadrez Nacional - Resposta do Ramiro Lopes

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Outra das respostas ao email do IM António Fróis (ver aqui) sobre o Estado do Xadrez Nacional...


« Ilustre

1. Obrigado pela frontalidade. Eu também sou frontal e tenho arranjado muitos inimigos à conta disso.

Discordo de muitas coisas que disseste. Mas podemos falar um dia destes com mais calma e com mais tempo de que não disponho agora.

Onde poderemos aprofundar mais as questões.

2. Mas numa primeira análise, tenho de referir que discordo principalmente do que disseste sobre o actual Presidente, mais concretamente sobre o actual executivo pois não podem ser dissociados.

Poderá ser argumentado que o Presidente está manietado por um conjunto de pessoas que não sabem como gerir uma Federação. Mas o Presidente é o Presidente. E se o Presidente acha que alguma decisão prejudica gravemente o Xadrez, que utilize a bomba atómica e que renova o elenco directivo. Se não se demite é responsável também. Foi o Presidente quem escolheu as pessoas.

Mas vão haver eleições brevemente e vais ver que se candidatarão oiutra vez. Pois é. E obriga a pensar.

Para ocultarem as contas de 2007, que estão pelo menos mal classificadas, já lá diz o antigo ditado popular: não basta ser honesto, temos de parecer. Se ocultaram os documentos de suporte da contabilidade da FPX de 2007, tirem as ilacções que quiserem. Eu já escrevi sobre isto no ano passado.

3. Mas olha com atenção para o resultado do exercício de 2009 antes de proferires elogios. Constata que nem que vendessem a sede dez vezes se conseguiria resolver a situação. 0 xadrez não tem futuro com este tipo de dirigentes. Porque é que dizes que vamos estar não sei quantos anos sem nos podermos mexer? O que é que fazias com o dinheiro da sede? Pagavas as dívidas? E depois? Como é que resolvias a situação se passavas o ano outra vez com prejuízo? O problema tem de ser combatido na raíz. Por isso organizei estes nacionais de jovens sem prejuízo e sem lucro para a FPX.

Esses dirigentes sem capacidade de gestão é que têm de ser corridoscolocados de fora de lugares de decisão. Mas nas Associações não existem pessoas capazes em número suficiente. É um problema da modalidade que também já referi em anos anteriores.

Não têm culpa, coitados. Porque não têm capacidade de gestão. 35.000 euros de prejuízo em 2008 só com os nacionais de jovens?????? Nem sequer me preocupei em ver onde foram os outros 20.000 de prejuízos acrescidos.

Retirarem o lugar à Bianca na Olimpíada????? Para quê????? Para pouparem 300 euros da viagem????? Valor que a AXD Faro se comprometeu a pagar. Pelo que não foi a razão. Só um burro não muda de posição quando reconhece que errou. E quando descobrem que foram apanhados a auto beneficiarem-se ou a beneficiarem alguém conhecido e do seu interesse, deveriam reconhecer e mudar de posição. As desculpas esfarrapadas que apresentaram não têm cabimento.

Criarem dívidas com o Évora Hotel e liquidando o bom relacionamento e preços que eu consegui em 2005??????

É mau de mais mesmo e ainda não disse tudo.

4. Sobre os emparceiramentos acelerados expliquei na reunião de delegados e pareceu-me que fui esclarecedor. Não é tão simples como pensas. Para um certo número de xadrezistas em competição tem de ser mesmo utilizado o sistema acelerado, mas não foi o caso.
Mais importante era separar as femininas dos absolutos. Se têm títulos e prémios específicos e se há mundiais específicos, então, têm de ser campeonatos separados. Temos de procurar ser coerentes.

5. Tenho uma opinião diferente sobre os campeonatos em várias semanas distintas.
O argumento que utilizas não impede que os campeonatos sejam realizados todos em conjunto.
Com o dinheiro que o Clube utilizaria para pagar ao treinador durante 5 ou seis semanas, pode perfeitamente contratar 5 ou 6 treinadores distintos para treinar cada jovem com mais cuidado.

Em competição, o xadrezista precisa mesmo é de alguém que lhe dê apoio psicológico. Que o ajude a superar os bons e os maus resultados do dia e que o prepare para a sessão seguinte.

Mas ter também um treinador, é uma mais valia também muito importante. O xadrezista concentra-se melhor naquilo que importa, analisa com uma pessoa credenciada que viu de fora a partida e que viu também o possível adversário da sessão seguinte. Treinador que tem conhecimentos e experiência muito importantes de participação em torneios anteriores, eventualmente similares.

Essa é uma escolha dos Clubes pois a FPX aplica o dinheiro noutras coisas. O próprio IDP dá apenas cerca de 15.000 euros em contrato específico para o enquadramento técnico, o que revela o interesse do estado na questão técnica. Apenas cerca de 1/6 do valor global para actividades e gestão da FPX e das Associações.

Eu entendo que os vários escalões têm diferentes ritmos de jogo reais - isto é, a velocidade aplicada pelos respectivos xadrezistras em competição são independentes do ritmo que é estipulado no regulamento de competição, consoante o escalão de que se trata. O SUB-18 deveria ter um ritmo mais lento.
Isso deve originar um sistema de competição diferente. Diminuindo, por exemplo para os SUB-08, o tempo disponível para cada xadrezista em competição concluir cada uma das suas partidas. Mas aumentando o número de sessões por exemplo o que traz algumas vantagens, nomeadamente, o xadrezista joga mais partidas.

A alternativa de realizar o campeonato dos SUB-08 em menos dias pode ser mais barato mas discordo completamente. Os jovens vêm em delegação e devem ocupar o mesmo período de tempo a competir.
Todos podem iniciar às 15h00, por exemplo. Os que têm ritmo mais lento acabarão pelas 19h00 realizando uma partida. Os que têm ritmo mais rápido realizarão duas partidas e acabarão pela mesma hora. Mas todos sem excepção não poderão abandonar a sala de competição ou os espaços anexos para outras actividades. Isso pode mentalizá-los para pensarem um pouco mais nas suas partidas. E em termos organizativos é muito bom. Embora implique despesas acrescidas para as quais podem ser obtidos apoios suplementares.

6. Sobre as sessões duplas.
Não competiu ao Director de Prova decidir sobre o número de sessões ou sobre qualquer questão técnica.

Competiu ao organizador. Eu, Ramiro Lopes, fui o organizador dos Nacionais de Jovens.
Pelo que tudo o que correu mal deve ser imputado a mim pessoalmente. O que correu bem deve ser imputado às outras pessoas que deram o seu melhor dentro das orientações que eu Ramiro Lopes estabeleci para ter sucesso nesta organização.

E estou a falar muito concretamente do Director de Prova e do Árbitro Principal. Solicitei-lhes a opinião sobre vários aspectos organizativos, deram-me as suas opiniões o que muito agradeci e continuo a agredecer, mas eu é que tomei todas as decisões. Pode-se dizer que fui um Ditador.
Mas funcionou. E a FPX não teve prejuízo nem lucro. Tomara a FPX ter um organizador assim em cada uma das suas competições. A FPX já teria dinheiro para pagar a treinadores, por exemplo, ou para pagar às Associações.
A minha posição sobre as sessões duplas é clara, já de há muitos anos a esta parte.
E na reunião de delegados realizada em Portimão este ano, referi que penso apresentar uma proposta de realização dos nacionais de jovens de 2010 com uma sessão diária, em 9 sessões, chegando as delegações no dia anterior e partindo no dia seguinte, num total de 11 dias, sem sufocos de cerimónias de encerramento à pressa, com partidas ainda por concluir.

Se não foram realizadas sessões diárias foi porque não foi possível. Vários factores contribuiram para isso. E o factor logístico local impediu fortemente a realização dos eventos em mais dias. Fui obrigado a antecipar num dia a conclusão dos campeonatos e contra a minha vontade fui obrigado a decidir a criação de mais uma sessão dupla na terça-feira. Mas tive de tonar essa decisão e tomei-a e assumo essa decisão.

Houve outras coisas de que não gostei e que quero evitar no futuro. Mas considero que a situação que menos gostei foi a da segunda sessão dupla na terça-feira. É a minha opinião.

8. Sobre o que se passa em Espanha.
Em 2006, quando era Vice Presidente da FPX, solicitei ao IDP um apoio para marcar uma reunião com responsáveis da nossa congénere de Espanha.

Onde pensava obter informações sobre a organização implementada em Espanha e daí tirar eventualmente ensinamentos - independentemente de eles fazerem melhor ou pior. De certeza que iria ficar a saber o que eles pensavam sobre a forma como organizavam, que factores consideravam vantajosos ou não. Entre muitas outras coisas.

Mas o Presidente na altura impediu isso e vetou essa deslocação a Espanha. Não vou comentar esta atitude. O facto é que o dinheiro atribuido não foi aplicado pela modalidade e o IDP não o pagou. E este não foi o pior inconveniente para a modalidade, mas também não vou falar sobre isso.

Mas ontem à noite fui ao site da Federação Espanhola. Os campeonatos são organizados de uma forma horrível na minha opinião, com várias sessões duplas. Parece que é para despachar. Pelo que não tem sentido utilizares esta argumentação para justificar outras questões que referes.

9. Sobre os desempates.
Se os xadrezistas ficaram empatados em competição, vão continuar a empatar se tiverem a mesma força de jogo e os mesmos apoios técnicos.

O bucholz dá uma idéia boa do campeonato que cada jogador fez. E a soma dos bucholz dos adversários também e permite desempatar para saber quem foi o xadrezista que melhor desempenho teve entre os que ficaram com o mesmo número de pontos. Mas deveriam haver mais sessões. Para que os sistemas de desempate sejam mais justos.

É melhor que o xadrezista interessado aproveite para jogar torneios onde defronta outros adversários e aprenda outras valências.

Se estiver interessado em evoluir. Se tiver capacidade financeira para isso. Não podemos obrigar quem quer que seja a querer evoluir. Em Portugal já começa a haver felizmente vários torneios interessantes onde participam bons xadrezistas.

A noção com que eu fico algumas vezes é a de que o xadrezista de competição tem medo de jogar por causa do ELO. Incompreensívelmente.

10. Sobre a questão financeira
Pela maneira como falas parece que és um expert a arranjar patrocinadores.

Não devemos utilizar argumentos que desconhecemos só para defender a nossa dama.
A questão financeira é fundamental para garantir a continuidade da modalidade.
Essa foi uma das razões porque me candidatei a organizar estes eventos.
Para dar uma valente chapada na cara sem mão aos pseudo dirigentes que não têm capacidade de gestão e que não sabem o que andam a fazer. Perdem-se em pormenores e esquecem-se do essencial.

Posso dizer que poupei 35.000 euros à FPX em 2009. Pois já estava na forja uma proposta da AX Lisboa e da AX Leiria baseada apenas numa diária de 35,00 euros e que a FPX se desunhasse mais uma vez com o prejuízo. Mas o que fiz foi pela modalidade que bem precisa.

Quando eu era funcionário da FPX eu sempre dei lucro à FPX pois dava à FPX mais do que recebia.

O que acho estranho é que ainda nem sequer escreveram uma carta à AXD Faro nem ao Ramiro Lopes a agradecer!!!! Nem comento, são mesmo "gestores" mauzinhos e burros até dizer chega, sem querer ofender os Gestores. Devem estar à espera de mais duas semanas para reunirem como fizeram para aprovar a candidatura da AXD Faro aos Nacionais de Jovens.

Tenho de referir também que para os jovens pagarem ao seu treinador não é preciso vender a sede da FPX. Não tem nada a ver uma coisa com outra. Até porque não adiantava nada e a modalidade ficava sem a sede que pode ser útil para ultrapassar uma determinada situação futura imprevista. E com este tipo de dirigentes é o mais provável.
Para concluir este tema da área financeira quero referir que as taxas a 10,00 por mês me parece muito bem para quem quer estar filiado.

Reduziria o número de filiados para cerca de 300 onde se poderiam aplicar melhor as verbas que se conseguirem.
Mas as verbas do IDP seriam reduzidas também e talvez para zero.

Convém pensar nas vertentes todas da questão. Mas para isso temos de saber o que se passa em todas as vertentes.

Outra questão que não percebo e nºao posso aceitar é que algumas associações, (algumas recebem mais de 3.000 euros por ano) não paguem efectivamente à FPX os valores devidos das filiações. Pelo que ser a taxa a 10 euros ou a 100 só iria "prejudicar" os que efectivamente pagam. Os xadrezistas "fantasmas" continuariam a existir.

Há pelo menos uma Associação que nem sequer o seguro desportivo paga à FPX.

Até breve. Depois falamos melhor.

Abraço
Ramiro Lopes »

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7 comentários:

Anónimo disse...

Olá Ramiro:
És um benemérito do xadrez nacional.Hoje já é tarde e assim só logo comentarei a tua mensagem.
Sobretudo no que respeita ao nacional de jovens.
Saudações
Carlos Mendes

Paulo Topa disse...

Ando nisto do xadrez há muito pouco tempo (pouco mais de um ano, apesar de já ter 36). Ando porque um grupo de "putos" da minha escola anda com vontade e eu vou tentando fazer o que posso. Apesar de sentir cada vez mais que vai ser preciso alguém de fora. Contudo, quando assisto a todas estas discussões em torno da Federação, das selecções, dos nacionais de jovens etc, etc, etc. Penso duas vezes no que ando a fazer com os "meus" alunos. Continuo a pensar que é para o bem deles, mas começo a ter dúvidas.

xadrez sempre ! disse...

Paulo Topa, provavelmente estás certo e a politica da FPX é que está errada. Nunca te arrependas de permitir e incentivar que os teus alunos usem o cérebro. As politicas federativas são como o resto do país: uma grande merda! Existe muito e bom xadrez para além das estruturas politico-federativas. Vai em frente. Força !

Anónimo disse...

Olá Sr. Ramiro:
Ainda bem que falaste no Nacional de Jovens, pois assim posso fazer alguns comentários.
A tua tão proclamada ideia de "nem lucro nem prejuízo para a FPX", assentou em 3 pressupostos, todos eles penalizadores dos jogadores e dos seus pais:
1.Diminuição do número de jogadores apoiados pela FPX/organização. Em 2008 foram apoiados os 3 primeiros classificados em cada escalão do nacional anterior (absoluto e feminino) e ainda os campeões distritais do ano (absoluto e feminino). Este ano só houve apoio para o vencedor do campeonato do ano anterior (absoluto e feminino) e para o actual campeão distrital. Ou seja deixaram de ser apoiados 42 jogadores em relação ao ano anterior.
2. Criação este ano de uma taxa suplementar de 35€ por jogador, o que deu a módica quantia 11585 €, a qual segundo um esclarecimento que enviaste para a AX Leiria, serviria para as despesas de organização.
3. Diminuição da qualidade da alimentação e do alojamento, pois no ano anterior as refeições eram servidas no hotel e este ano foram servidas na cantina. Este ano também não havia pequeno almoço fornecido pela organização. Quanto ao alojamento este ano havia dois jovens por apartamento que dormiam em sofá ou gavetão, enquanto no ano anterior havia quartos com 2 ou 3 camas.
Antes de passar às contas posso ainda acrescentar que não houve qualquer preocupação com o transporte dos jovens do local de alojamento para o local de jogo. Será mais um pequeno pormenor revelador da tua preocupação com os jovens.
Ainda antes de entrar nas contas vou relatar a minha experiência. Marquei ao balcão a minha estadia com a minha mulher num apartamento igual ao que os jovens utilizaram e que me custou 166 €. Em conversa com um amigo meu, bancário reformado, soube que reservou através do seu sindicato e pagou sòmente 106 €. Assim posso estimar que a organização tenha pago talvez 110 € por apartamento.
Eis assim a minha estimativa de alguns custos e receitas deste nacional.
Total de participantes - 460
Com alojamento - 410

Sendo 75 acompanhantes e 50 elementos entre organização, árbitros e organização.
estes elementos foram retirados da comunicação efectuada por ti para a AXDC e com conhecimento para mim.
Assim teremos custos com alojamento - 15000 €. Alimentação para os 21 jogadores apoiados pela FPX/organização, delegados árbitros e elementos da organização - 2130 €. Não incluo os restantes pois esses pagam a alimentação no acto da inscrição e presumo que o valor pago pela FPX/organização seja esse e não menor.
Receitas:
21 jogadores x 60 = 1260 €
280 jogadores x uma média de 110 € = 30800 €
55 acompanhantes x 120 = 6600 €
Não estou a incluir aqui o pagamento das refeições destes elementos, pois não o inclui nos custos.
Não incluo despesas com a arbitragem pois a exemplo do ano anterior, estas não foram pagas.
Ou seja temos um remanescente de mais de 20 000 € que servirá para o pagamento de despesas de organização, tais como deslocações de táxi, refeições fora da cantina (é muito incomodativo comer com a plebe) e todas as outras que são necessárias para a realização desta actividade.
Estou certo que haverá muita gente interessada nas contas da FPX e da AXFaro deste ano.
Espero que também agradeças a minha frontalidade.
Saudações
Carlos Mendes

Anónimo disse...

Para o Paulo Topa:
Não desistas de fazer as coisas enquanto elas de tão prazer. Já tenho mais uns quantos anos disto do que tu, e também vou sempre convivendo com as mesmas dúvidas. Por mais do que uma vez, já me apeteceu mandar tudo às malvas, mas vou continuando, porque apesar de tudo ainda me dá gozo. Até esta conversa com o Ramiro...
It´s part of the game.
Saudações
Carlos Mendes

Zé disse...

Deste incrivel "debate" retiro a conclusão de que existem no xadrez português muitas chagas abertas, porulentas e mal cheirosas, e muito dificeis de sarar.

Anónimo disse...

Zé:
Mesmo num blog, fica sempre bem assinarmos no fim.
O que é que este debate tem de incrível? Temos expressado as nossas opiniões sem insultos. Já tive oportunidade de o expressar publicamente assim que tive conhecimento do regulamento. Tive que intervir novamente depois de ler a missiva do Sr. Ramiro Lopes, dando a ideia de que foi um "salvador da pátria". Apresentei números estimativos, tentando provar a minha razão. Aguardarei por provas em contrário.
Não existem nenhumas chagas antigas, nem purulentas nem mal cheirosas. Gostaria de saber como chegou a essa brilhante conclusão.
Saudações
Carlos Mendes