Carta à FPX sobre as Olimpíadas de Dresden
« Caros Dirigentes da FPX,
Escrevemos esta carta para relatar algumas situações que se passaram na última Olimpíada em Dresden e que pensamos que devem tomar conhecimento.
Antes de partirmos para Dresden em Novembro, já nos tinhamos pronunciado desfavoravelmente à escolha da nossa capitã de equipa, lugar que foi preenchido pela Maria Armanda Plácido. Infelizmente, episódios que ocorreram durante a Olimpíada vieram reforçar esta opinião. A Maria Armanda Plácido pode ter desempenhado as funções de representante da FPX no Congresso da FIDE mas não desempenhou as funções de capitã de equipa, pois não fez um acompanhamento próximo das suas jogadoras.
Infelizmente, uma das jogadoras da equipa feminina, a Ariana Pintor, sentiu-se mal no 2º dia, facto que foi presenciado pelas colegas de equipa, a Margarida Coimbra e a Ana Baptista. Em conversa com a D. Rosa Maria Durão, a Margarida e a Ana referiram que a Ariana não estava bem, e a D. Rosa Maria prontificou-se a ajudar no que fosse preciso.
A partir deste momento, a Ariana passou a pedir auxílio à D. Rosa Maria sempre que se sentiu pior, tendo pedido em algumas ocasiões que estivesse presente durante as partidas para se fosse preciso alguma coisa. A D. Rosa Maria ajudou a Ariana sempre que foi preciso, inclusive acompanhou-a ao médico da Olimpíada por três vezes e ao hospital no último dia, também na companhia da Margarida e da Ana.
Por tudo isto, e por também ter estado presente em inúmeras vezes em que foi preciso apoio moral e logístico, e por ter partilhado muitos bons momentos em Dresden com a nossa equipa, estamos muito agradecidas à D. Rosa Maria pela sua generosidade e disponibilidade.
No entanto, nunca a D. Rosa Maria expressou vontade de se tornar nossa capitã de equipa, apesar de ter sido ela a acompanhar a nossa equipa como se fosse tal. Também não tinhamos uma amizade anterior com a D. Rosa Maria, éramos apenas conhecidas de alguns torneios.
Infelizmente, a Maria Armanda Plácido interessou-se pouco pelas jogadoras, não tendo convivido com elas e procurado saber as suas condições físicas e psicológicas, bem como fornecer todo o apoio moral e logístico que se espera de uma capitã de equipa (já para não falar do apoio técnico xadrezístico que seria esperado de um capitão, mas que aqui não se aplicaria). Nós (Ariana, Margarida e Ana), costumávamos andar juntas, por vezes acompanhadas da D. Rosa Maria e a Maria Armanda alega que nós "fugimos" da sua presença em variadas ocasiões (eléctrico, sala de jantar), no entanto isto nunca aconteceu. O que aconteceu foi um distanciamento natural após termos presenciado alguns episódios que não foram do nosso agrado, contudo nunca rejeitámos qualquer tentativa de aproximação da nossa capitã de equipa, estas tentativas não chegaram a acontecer.
Os episódios que nos desagradaram ocorreram logo nos primeiros dias. No dia de chegada, como referiu a D. Rosa Maria na carta que endereçou à FPX, a Maria Armanda ordenou aos restantes membros da comitiva que não falassem sobre o assunto da reclamação do António Fernandes relativamente à constituição da equipa masculina. Se muitos de nós já não estavam de acordo com a presença da Maria Armanda na comitiva, esta atitude não favoreceu de todo as relações da Maria Armanda com os jogadores e com a D. Rosa Maria e o MI Joaquim Durão.
No dia seguinte, logo de manhã, enquanto a Maria Armanda falava connosco sobre alguns assuntos da equipa feminina, a D. Rosa Maria aproximou-se e disse-lhe que precisava de esclarecer alguns assuntos. Após isto a Maria Armanda tomou uma atitude incompreensível, na nossa opinião, pois disse que não falaria com a D. Rosa Maria. Depois de a D. Rosa Maria insistir que conversassem, a Maria Armanda pegou nos seus papéis para se ir embora, mas antes de sair disse à D. Rosa Maria que ela ali "não era ninguém" e ainda a insultou com expressões como "vá à merda" e "fuck you". Não consideramos que este seja um comportamento digno de alguém que representa um país numa Olimpíada como chefe de delegação. Para além da óbvia ofensa à D. Rosa Maria, ainda revelou falta de respeito para connosco (equipa feminina) que estávamos a presenciar a situação. Naturalmente depois deste incidente as nossas relações com a Maria Armanda ficaram frias, mas também nunca houve interesse da Maria Armanda em reverter a situação.
Quando começou o Congresso da FIDE houve ainda maior distanciamento pois a nossa capitã deixou de estar presente durante os jogos e houve duas ocasiões em que a Ana necessitou da capitã por problemas de arbitragem e a Maria Armanda não estava presente para ajudar.
Posteriormente, já perto do fim do torneio, a Maria Armanda voltou a ter uma atitude ofensiva incompreensível, desta vez com a Ana.
Quando à 9ª jornada a Ana se inteirou de que tinha completado uma norma para Mestre Internacional Feminina através da Ariana, ela informou a Maria Armanda de que seria necessário confirmar se podia continuar a jogar sem comprometer a norma. Também referiu que, caso pudesse comprometer a norma, não quereria jogar as duas últimas jornadas, por forma a garantir este resultado. A Maria Armanda apenas concordou com esta situação após alguma insistência das jogadoras.
No dia seguinte de manhã, a Ana foi ter com a Maria Armanda para confirmar a situação da sua norma. Verificaram junto da organização que a Ana poderia continuar a jogar que a sua norma não ficaria comprometida. Ainda assim, a Ana desabafou com a Maria Armanda que estava "um pouco cansada", no entanto a Maria Armanda informou a Ana de que se nós conseguíssemos um lugar no primeiro terço da tabela, teríamos acesso ao estatuto de alta competição. A Ana respondeu "Por acaso já tenho [direito ao estatuto de alta competição], mas vou jogar pela equipa." (A Ana poderá vir a ter o estatuto de alta competição devido ao 3º lugar obtido no Montenegro, no Campeonato Europeu de sub-18 Feminino de semi rápidas.)
Aparentemente a Maria Armanda só ouviu que a Ana disse "Por acaso já tenho [direito ao estatuto]" e insistiu com isto, levando a crer que a Ana teria uma atitude de indiferença perante a restante equipa, coisa que nós, colegas de equipa, sabemos bem que não é verdade. Quando a Ana tentou esclarecer a situação com a Maria Armanda, dizendo-lhe que não tinha ouvido bem a frase e captado o sentido correcto, a Maria Armanda recusou-se a acreditar, chamando-lhe de "mentirosa" e dirigindo-se a outras jogadoras da equipa que presenciaram a discussão, a Margarida e a Ariana, tentando criar discórdia, dizendo "Agora acreditem em quem quiserem."
Por todos estes motivos gostariamos que a FPX reflectisse sobre a actuação da Maria Armanda Plácido enquanto capitã de equipa da selecção feminina, e que mostrasse mais respeito sobre a nossa participação em provas internacionais no futuro, seleccionando capitães que estejam à altura do cargo.
Atenciosamente,
Ana Baptista
Ariana Pintor
Margarida Coimbra »
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