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sábado, 26 de outubro de 2013

GM António Fernandes: Carta aberta à F.P.X.


A pedido de várias pessoas, aqui fica o artigo novamente em destaque.

Há 4 comentários publicados mais alguns que nós resolvemos não publicar porque eram ofensivos ou parvos o suficiente para não se lhes dar importância. Não adiantavam nada à conversa.

Para verem os comentários é só simularem que vão fazer um novo comentário clicando no link. Todos os comentários até à data ficaram disponíveis.

Outra opção e sublinhar com o rato a parte escura a seguir à palavra 'disse...' em cada comentário.

Bom fim de semana !
 




Lisboa, 18 de Outubro de 2013


Para: Direção da Federação Portuguesa de Xadrez



Assunto: Protesto em relação à tomada de decisão da Direção da Federação Portuguesa
               de Xadrez no seu Comunicado Dir-020-2013, relativamente ao Campeonato
               Nacional Individual Absoluto 2011/2012 – Título.



Exmos Srs. Diretores da Federação Portuguesa de Xadrez, após uma análise mais cuidada que tive oportunidade de efetuar à vossa tomada de decisão, tenho a comunicar o seguinte.



• Passou-se mais de um ano desde a realização da final do Campeonato Nacional Individual 2011/2012 sem que tivessem tomado qualquer decisão sobre a referida situação “Caso de Doping”, com essa atitude Portugal deixou de se fazer representar no Campeonato Europeu Individual, prova disputada em Legnica na Polónia de 4 a 17 de Maio de 2013. Agora, passado mais de um ano, sou informado pela primeira vez, por mail, no dia 18 do passado mês de Setembro que acabavam de tomar uma decisão sobre o processo que estava a decorrer sobre o jogador Luís Galego.


• Embora nunca nenhum elemento da FPX me tenha sequer informado do incidente que, infelizmente, o Luís Galego fora protagonista e apesar de ter tomado conhecimento por terceiros do seu infortúnio, nunca em tempo algum, apesar de ter ficado em 2º lugar e inclusive de o ter vencido, repito, nunca me quis aproveitar de tal situação, por isso mesmo jamais questionei qualquer dirigente desta federação acerca desse assunto, contrariamente à posição assumida por outras pessoas.


• Devo dizer que fiquei algo perplexo com a decisão por vocês tomada, mas tudo se torna um pouco mais claro ao compreender a insistência e a pressa na obtenção de uma resposta minha no agendamento da prova para a atribuição do título nacional, tanto por parte dos dirigentes como pelos próprios intervenientes para a realização da mesma, e o mais rápido possível, entre os jogadores classificados em 2º, 3º e 4º lugar da fase final.
Percebe-se nessa insistência o quererem resolver agora, à pressão, em dias, aquilo que deixaram de resolver durante toda uma época. Devo dizer-vos que não sendo profissional da modalidade e não estando dedicado à mesma direta ou indiretamente como os outros jogadores, pois trabalho por conta de outrem em uma atividade que nada tem que ver com a modalidade, e não dispondo de mais dias de férias este ano, é-me completamente impossível disputar uma prova nestas condições sem o mínimo de preparação para a mesma e em completa desigualdade perante os outros intervenientes.
A situação ainda se torna mais caricata, quando ao receber um dos últimos mails enviados pelo tesoureiro da Federação Portuguesa de Xadrez, posteriormente a ter sido informado da dificuldade que eu teria por parte da minha entidade patronal no agendamento da prova, me informa que os jogos serão realizados às 20h00, propondo para me facilitar na disponibilidade da minha entidade patronal que o seu início até poderia ser às 21h00, com o acordo dos outros dois jogadores, ou mesmo serem realizados eventualmente a um fim-de-semana caso surjam propostas para tal.


• Infelizmente só posso lamentar e até mesmo desculpar a ignorância das pessoas que sendo dirigentes e não tendo qualquer experiência, ou de outros que muito pouco ou nada têm, em termos de competição e de alta competição, se permitem fazer propostas nestas condições. Desde já passo a informar que a minha presença, numa qualquer prova deste género, estará sempre condicionada com a disponibilidade que tenha ou possa vir a ter em dias disponíveis que antecedam a mesma por forma a permitir-me ter um mínimo de preparação, técnica e física para a mesma. À que ter consciência que
foram vocês que demoraram todo este tempo para a tomada de uma decisão, a qual podiam e deviam ter tomado à vários meses a esta parte, na altura em que as pessoas ainda poderiam gerir os seus dias de férias.


• Contudo e voltando ao cerne da questão, relativamente à decisão da Direção da Federação Portuguesa de Xadrez, devo dizer-vos que tal decisão abrirá certamente um precedente, o qual num futuro ocorrerá pondo em causa a verdade desportiva da prova, tal e qual como no presente caso. Não se entende e eu próprio não posso entender a decisão de serem anuladas todas as partidas disputadas pelo Luís Galego, pois ao ler o artigo do controlo antidoping da Federação Internacional de Xadrez, a mesma diz que a penalização a jogadores nessas circunstâncias é a desqualificação automática dos seus resultados individuais e não a sua anulação, pelo que obviamente isso acarreta apenas a desqualificação automática da prova de qualquer jogador nessa situação e não a anulação das suas partidas. Evidentemente que esta decisão que a Direção da FPX pretendeu tomar é tudo menos justa em termos desportivos, há que ter um pouco de bom senso, senão, suponhamos que um jogador que até fica em último lugar numa determinada prova, acusa resultado positivo no controlo antidoping, a tomar-se uma decisão destas o jogador que ficara em 1º lugar poderá perder o título em virtude das partidas disputadas por esse jogador serem todas anuladas.


• Mas, como dizia eu, há que ter bom senso e se o que se pretende numa competição desportiva é que sejam criadas um conjunto de condições de igualdade entre todos os participantes envolvidos na competição, não nos podemos esquecer que esta decisão tem tudo menos de igualdade de condições e de critérios. Efetivamente durante uma competição, cada um dos participantes delineia a sua estratégia de acordo com os seus objetivos pessoais e essa estratégia definida é implementada ou alterada partida a partida, de acordo com o desenrolar da prova e dos planos individuais de cada um.
Daí que no caso concreto, final do Campeonato Nacional Individual 2011/2012, em determinada altura da prova e em virtude de ter uma desvantagem pontual, em relação ao Luís Galego, resolvi arriscar na partida que disputava com o Carlos Carneiro acabando por vir a perder a mesma. Claro que não serve de desculpa, mas foi de facto um erro estratégico da minha parte, o qual pelos vistos veio a sair bastante caro. É lógico e compreensível que tal situação, possivelmente, não se verificaria se se soubesse de antemão que as partidas com o Luís Galego não seriam contabilizadas. Sendo esta uma condição de estratégia individual, e até discutível, outras situações existem que provocam total desigualdade na própria competição. Pretendo com isto tornar claro que ao ser retirado um jogador da prova, neste caso concreto, passaram a ser disputadas apenas 8 partidas e contrariamente aos critérios de igualdade estabelecidos à priori, a partir desse momento e nessas 8 partidas disputadas entre os restantes 9 participantes da prova, passou a haver vários jogadores que jogaram 4 partidas com as peças brancas e 4 partidas com as peças pretas, outros jogadores jogaram 5 partidas com as peças pretas e 3 partidas com as peças brancas e ainda outros jogaram 5 partidas com as peças brancas e 3 com as peças pretas, como é o caso de um dos 3 jogadores que a Federação diz terem ficado empatados. A minha pergunta é muito simples: Consideram haver igualdade de condições entre os 9 participantes nesta competição?


• Se efetivamente há que ter bom senso na interpretação dos regulamentos, é lógico e por demais evidente a aplicação dos seus critérios, ora nestas circunstâncias: É admissível que um jogador perca, por exemplo, o título de Campeão da Europa Individual pelo simples facto de ter tido a infelicidade de jogar na 1ª sessão com um jogador que se classificou, suponhamos, em 189º lugar entre 200 participantes e acusou positivo no controlo antidoping? Certamente que não, nem a FIDE jamais o faria. Inclusivamente nessa competição pelo simples facto de o torneio ser disputado em sistema suíço, tornar-se-ia ridículo de que haveria 9 jogadores que teriam disputado menos uma partida em relação aos outros 190 e por infelicidade do 1º classificado este perderia o título pois ser-lhe-ia retirado o ponto contra o jogador dopado, desse modo ele apenas contaria com 8 partidas disputadas.


• Mais ridículo se tornaria a seguinte situação: suponhamos que, na prova em questão, 4 jogadores acusavam positivo no controlo antidoping, seria então possível haver jogadores dessa prova que teriam disputado todas as 5 partidas de brancas e outros que teriam jogado todas as 5 partidas de pretas. Faz isto algum sentido? Que critério de desempate seria justo aqui aplicar? Pela vossa lógica, mantem-se os mesmos critérios.
Erradamente como se pode comprovar pelo seguinte exemplo, no qual supomos que os jogadores estariam empatados em todas as quatro primeiras alíneas do critério de desempate, então ao chegar-se à alínea e) maior número de partidas jogadas com as peças pretas, o jogador que jogou as 5 partidas de brancas perde o título no desempate, pois nessa prova não lhe foi permitido jogar uma única partida com as peças pretas.
Impõe-se então a pergunta: É justo manter-se esses critérios de desempate em uma prova que foi adulterada?


• Por fim e ainda mais gravosa a situação se torna, quando ao tomarem uma decisão destas, repito, totalmente injusta e incorreta, se pretende que seja disputado um torneio entre 3 jogadores, supostamente empatados, mas mantendo-se um critério de desempate que foi totalmente adulterado por força das circunstâncias, retirada de um jogador da prova. Ora se se entende que um jogador prejudicou os demais e por isso é retirado da prova e todos os seus resultados anulados, porque não são também excluídos de uma suposta final, onde se pretende atribuir o título, os critérios de desempate os quais também eles estão a prejudicar jogadores pela inexistência desse jogador. Acontece que os critérios de desempatem existem para ser aplicados numa competição dita normal, contrariamente a esta, que foi totalmente alterada, a qual passou a beneficiar determinados jogadores que passaram significativamente a ter melhores condições em comparação com outros participantes na prova, como já referido anteriormente. Nestas condições de desigualdade, não é nada sensato aplicar-se um critério de desempate que passou a estar viciado e nada tem em termos de igualdade desportiva para com todos os intervenientes na prova. Deste modo, eu pessoalmente, passo a ser duplamente penalizado, pois primeiro retiram um jogador a quem eu venci, independentemente de ele estar ou não dopado, e posteriormente para as várias alíneas do critério de desempate, passo a ser o único jogador da prova a quem é retirado o jogador que venci e que fez mais de 50% dos pontos ( b) sistema Koya), o único a quem são retirados todos os pontos do jogador que venci ( c) sistema Sonnenborg-Berger), o único a quem é retirado mais uma vitória ( d) maior número de partidas ganhas). A pergunta que se põe é: É aceitável manter um critério de desempate que também ele, pelo mesmo juízo de valor efetuado para a anulação de todos os jogos disputados com o Luís Galego, passou a beneficiar determinados jogadores, quando supostamente o critério de desempate deve ser aplicado a uma competição dita normal, disputada em igualdade de circunstâncias, tudo menos o que esta passou a ser?


• Por forma a minimizar estas situações será preferível e possivelmente fará sentido que em provas deste género, seja exigido que todos os participantes do campeonato façam um controlo antidoping antes do início e outro no final da mesma, pois dessa forma cada um poderá melhor confiar em adoptar determinado tipo de estratégias, contribuindo também para uma disputa com maior igualdade de condições.


• Analisando o quadro conjunto dos resultados entre os 3 jogadores que a Direção da Federação Portuguesa de Xadrez diz estarem empatados, conjuntamente com o jogador Luís Galego, ao qual a mesma pretende anular todas as suas partidas, verificamos o seguinte quadro de resultados:




Penso que fica tudo um pouco mais claro e cada um poderá tirar as ilações que muito bem entender acerca do grande prejuízo que os jogadores supostamente empatados tiveram nas partidas disputadas com o Luís Galego.
Como disse anteriormente, embora não me tendo querido aproveitar da situação ao longo deste tempo passado, e não havendo outra forma de contornar o tema sem ser com a desqualificação do jogador Luís Galego, neste caso, considero obviamente uma total injustiça que o título não me seja atribuído a mim e antes pelo contrário seja atribuído a qualquer outro jogador. Pois se a Direção da Federação entende que o facto do jogador Luís Galego ter jogado nas condições descritas, prejudicou os restantes 9 jogadores que estiveram presentes na fase final do Campeonato Nacional Individual 2011/2012, convém referir que todos esses 9 jogadores, tiveram exactamente as mesmas oportunidades e as mesmas condições cada vez que defrontaram o Luís Galego, no entanto e com esta atitude a Direção da Federação toma uma decisão, por entender que os 9 jogadores foram prejudicados, e dessa forma passa a prejudicar deliberadamente 1 jogador, eu próprio, por ter sido o único jogador a vencer o Luís Galego, diga-se nas mesmas condições e igualdades que todos os restantes 8 jogadores tiveram.
Analisando todos os pontos mencionados, é muito fácil compreender-se que o único jogador prejudicado do torneio, não contando obviamente com o jogador Luís Galego, fui eu próprio em todas e digo todas as decisões que entenderam tomar, no que diz respeito à anulação das partidas disputadas com o Luís e a questão de se manter um conjunto de critérios de desempate, totalmente adulterados, para a poule que entendem realizar.


Deste modo, após a análise sistematizada que acabei de efetuar, da qual como se depreende discordo em absoluto da tomada de posição da Direção da FPX, sinto-me portanto na obrigação de tomar a seguinte posição:

Não estou interessado em disputar essa prova nas referidas condições.



Com os melhores cumprimentos,
GM António Fernandes


1 comentário:

Anónimo disse...

É isso ai António! Concordo consigo!