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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Regras incongruentes no mundo do Xadrez enquanto desporto



Faço hoje questão de voltar à fala com a Casa do Xadrez para referir mais uma vez que os sistemas oficiais estabelecidos para fazer emparceiramentos  estão errados. Mais uma vez reafirmo com toda a segurança que os emparceiramentos de cada Torneio deviam ser feitos tendo em conta a pontuação ELO de cada xadrezista e não tendo em conta os resultados obtidos por cada jogador em cada Torneio. 

Pelo Sistema de Emparceiramento que eu acharia correcto não aconteceriam autênticas "aberrações" como se estão a verificar por exemplo no Torneio Interno do Alekhine 2ª Sessão em que calhou eu ( 1450 de ELO ) ter ganho ao concorrente com quem fui emparceirado (1750 de ELO) fui emparceirado com o Rui Marques que é o jogador com mais ELO do Torneio, concretamente 2050. Vejamos: o Sistema Suiço foi pensado para que os emparceiramentos sejam feitos entre jogadores sensivelmente com o mesmo nível, ou seja para que cada jogador seja emparceirado sempre com um jogador do seu nível. Porque o valor de cada jogador está absolutamente catalogado/estabelecido por comparação com os valores de cada um de todos os jogadores do mundo. Não é com certeza no decorrer de um determinado Torneio de 7 sessões que um determinado jogador "altera" o seu nível de jogo. 

Num Sistema de Emparceiramento correcto nunca aconteceria que um concorrente com 1450 ELO  fosse emparceirado em qualquer das 7 sessões com um concorrente de 2050.  

O Xadrez é um Jogo Ciência que assenta numa lógica de matemática pura. No Jogo de Xadrez é tudo matemática pura!  É absolutamente seguro e garantido (tendo em conta o Cálculo de Probabilidades) que o Jogador que tem 2050 ELO  disputando 10 partidas com um Jogador que tem 1450 ELO, ganhará as dez partidas, excluindo-se a regra sem excepção.  Um encontro entre dois jogadores com um grande desnível não oferece nenhuma expectativa... os Torneios são organizados para ver se os xadrezistas mantèm as suas posições relativas uns em relação aos outros e em relação ao último Torneio em que os mesmos xadrezistas tenham participado...
 
Conclusão:O Correcto seria que num Torneio em que estão inscritos por exemplo 70 concorrentes se dividisse ao meio o número de concorrentes (com têm feito) para emparceirar o 1º da primeira metade com o 1º da segunda metade, mas sim dividir a partir do 1º com maior ELO grupos de 8 concorrentes (número de sessões + 1).
Desta maneira cada um dos concorrentes jogará em todas as sete sessões com jogadores sensivelmente com o mesmo nível (as diferenças de ELOS serão de 50/100 pontos,  e não mais.. Diga-me lá ... qual é o interesse do jogo entre o jogador A que tem 2050 ELO com o jogador B que tem 1450 ELO  ?? Muito diferente é o interesse e a expectativa do jogo entre o Carlsen 2800 ELO  e Kramnik  2700 ELO .....      
 
 
por Ricardo Balona

 

2 comentários:

Anónimo disse...

Discordo totalmente da idea que os emparceiramentos nos torneios abertos estão errados e deveriam ser feitos pelo ELO em vez do resultado, porque nesse caso teríamos torneios fechados que até já existem! não gosto muito das comparações com a matemática porque o xadrez é o xadrez e a matemática é a matemática e por norma e pela minha experiência, quando se fazem comparações directas com a matemática seja neste exemplo como outros dentro do xadrez há sempre algo que não é correcto. Não vejo porque um jogador deva ter receio de enfrentar um jogador superior seja pela lição e aprendizagem que acontece muito mais nas derrotas que nas vitórias e muito mais jogando com jogadores fortes. A aberração seria para mim, um jogador de 1450 elo passar um torneio inteiro a jogar só contra adversários no máximo até 1500 elo e fazer por exemplo 5 pontos e um jogador no topo da tabela com 2050 elo passar o mesmo torneio a enfrentar adversários de 2000 e totalizar os mesmos 5 pontos! Como atribuiria a classificação? fechava-os em grupos ao estilo torneio fechado ou fazia-se a aberração do jogador de 1450 elo que totalizou 5 pontos passar à frente de vários jogadores com 2000 elo do topo da tabela apenas porque não os enfrentou? Em ambos os casos seria a meu ver mau porque no primeiro era um torneio dito aberto que afinal era fechado e no segundo exemplo seria uma aberração.
Um jogador tem de ter motivação para jogar é com os mais fortes e se venceu um adversário com 1750 elo, qual a lógica de regredir e ir jogar com os de 1450? Se venceu um de 1750 elo é porque lhe foi igual ou superior e a diferença para o de 2050 elo não é na realidade tão grande porque caso não vencesso o de 170 elo nunca jogaria com o de 2050 elo! Se fosse jogar sempre com adversários de 1500 elo, nunca teria vencido o de 1750 elo! Não seria isso injusto? Se os jogadores com 1450 andassem a jogar fechados entre si as subidas de elo seriam muito mais difíceis porque quando joga com um adversário de 2050 elo perde muito pouco e normalmente se não tiver força de jogo só joga uma única vez e ao contrário quem tem muito a perder em termos de elo é o jogador mais forte. Acho que existe hoje em dia em muitos jogadores uma excessiva preocupação com o elo ou a pressão dos resultados em detrimento da qualidade do jogo ou da evolução e aprendizagem e até faço a sugestão a que vão jogar xadrez e se sentem numa mesa num torneio sem saber o elo do vosso adversário!
Observem os outros desportos como por exemplo o ténis que é muito bem organizado. Os cabeças de série são espalhados pela metade superior e inferior do quadro e podem até apanhar jogadores fora dos 100 primeiros na primeira ronda (o prémio para o jogador mais fraco. Aprender, ganhar experiência!) e este sistema está feito tal como o futebol a proteger o espetáculo e levar os jogadores mais fortes ou as equipas até á final mas nunca retirando as chances a qualquer outro/s. Agora também aceito é que possam existir torneios fechados de jogadores com 2000+ ao mesmo tempo de outros torneios até aos 1600 por exemplo ou ainda o ideal que seria o todos contra todos (menos jogadores). Num torneio de 70 jogadores nunca poderia colocar grupos de 8 fechados entre si e no final dar uma classificação geral aberta com as pontuações todas misturadas porque isso garantidamente é que seria uma grande aberração e injustiça. Se os partisse em grupos de 8 com 8 classificações, estaria a fazer 8 torneios e não um com 70 jogadores. É preciso cuidado com as lógicas da matemática pura, porque o xadrez tem muito de filosofia também!

Anónimo disse...

Só mais uma nota, o sistema actual se observar com atenção é o mais correcto e justo tendo em conta o que realmente interessa que é a força de jogo e não o elo! A prova disso, é que nesse torneio (julgo não estar enganado na pessoa) um jogador com 1577 elo quase venceu o torneio pela simples razão que tem força de jogo para tal! Não seria lógico colocar um jogador de força de jogo de 2000+ com um elo de 1577 só porque esteve afastado muitos anos ou não tinha simplesmente elo FIDE a jogar fechado num grupo de jogadores só com 1500 elo. Nesse exemplo, estaria a cortar possibilidades de ascenção a um jogador com força de jogo superior a esse grupo além de ser uma desmotivação para ele e de estar ali a vencer jogadores de 1500 elo um atrás do outro! O sistema está feito de modo equilibrado para um jogador de 1450 elo só enfrentar um de 2050 elo ao ter vencido alguém superior (no caso o de 1750) ou por sorteio apenas na primeira ronda e repare-se aqui que o emparceiramento é equilibrado juntando o nº1 com o jogador da metade da tabela e não com o último. O dizer-se que em 10 jogos o jogador de 1450 elo perderia sempre, é preciso ter em conta que isso representa 10 torneios e um espaço temporal de 1 ano a ano e meio, o que daria tempo de evolução ao jogador de 1450 elo para ir melhorando e muito provávelmente nas últimas 5 partidas já poderia alcançar resultados positivos ou pelo menos melhorar muito a qualidade das suas partidas e performances. Jogar com alguém com 2050 elo é também ter a possibilidade de aprender, verificar os erros e obter uma lição grátis com um jogador superior em especial na análise no final da partida. Se o jogador de elo superior não quiser analisar, terá sempre a hipótese de analisar a partida com outro da mesma força seu conhecido e retirar daí os erros a corrigir para partidas futuras. O que deve contar, é como acontece e bem a força real de jogo em detrimento do elo que pode não corresponder à força de jogo. Observe com toda a lógica da matemática pura que difícilmente consegue arranjar sistema mais equilibrado que o actual sem cair em aberrações ou distorções muito maiores. O sistema como queria aplicar daria um jogador vencedor do grupo dos 1450 elo com 5 pontos e jogadores com 2000 elo do grupo fechado dos 2000 com 1 ponto apenas! Depois como faria? Abria a classificação geral como se não tivesse feito 8 torneios fechados dentro do torneio com 70 jogadores? Com alguma sorte, como o grupo dos jogadores com 2000 elo tinham partidas muito renhidas com mais empates, ainda acabava um jogador com 1450 elo a sair vencedor sem nunca ter jogado com qualquer jogador com 2000 elo! Muitas vezes além dessa lógica da matemática pura existe um pensamento humano que tem de abranger todas as situações do modo mais equilibrado possivel (sistema actual) e não se pode só pensar numa lógica pessoal. É preciso pensar-se num sistema equilibrado para todos e que tenha em conta todas as situações e para isso não basta uma lógica de 2+2=4 até porque mesmo em matemática isso nem sempre assim é!