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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Crónicas sobre Xadrez - número 3


Este fim de semana tenho visitantes "tripeiros", começa a F.N.A. em Santarém e ainda, no sábado joga Portugal contra a Turquia e como tal, antevejo um fim de semana difícil para mim...

Assim sendo, resolvi antecipar a publicação da terceira crónica sobre Xadrez, para não vos deixar frustrados, com a eminente falta de tempo para a publicar no Domingo previsto.



O Valor Educativo do Xadrez


Vem isto a propósito do Torneio Escolar que se realiza hoje, dia 2 de Maio, na Escola Secundária Dr. Ginestal Machado. Este torneio foi organizado por iniciativa dos alunos que pertencem ao Grupo de Xadrez, que estão portanto de parabéns por terem levado para a escola aquilo que lhes interessa fora dela, bem como à escola por estar aberta a novas actividades que lhes vêm de fora.

Os jogos são um poderoso instrumento pedagógico. Quem não viu já imagens de pequenos leões fazendo jogos de exercício, desenvolvendo as suas capacidades para lidar com o seu mundo ? Para o Homem o jogo, destacando-se da sua componente sensorial e motora, torna-se simbólico pelo intelecto. O xadrez é um jogo de exercício, em que o que se exercita é a imaginação. Ao entrar para a escola, a criança sente que o seu mundo dedicado exclusivamente ao jogo, feito de arbitrariedades, no qual é rei e senhor, sofrerá grandes mudanças, pela imposição de obrigações e de um código comum. O que se espera com a escola é que as crianças estejam, ao sairem, prontas para o «jogo» da vida. A vida é curta e hoje os conhecimentos ultrapassam a escola em quantidade. Que devemos pois esperar da escola ? Sobretudo que ensine a aprender. Quantos não são os alunos que chumbam em matemática simplesmente por falta de ginástica mental ? Aprendem fórmulas «mecanicamente», sendo incapazes de «dar a volta» a um enunciado. Quando o ideal seria que os dados de um teorema e a sua ideia, pudessem encontrar a demonstração. Por isso o xadrez pode ser importante: ensina que o mais importante na resolução de um problema é saber olhar e entender a realidade que se apresenta. Para que possa possuir a necessária flexibilidade é necessário que seja o aluno a criar o seu próprio sistema de pensamento organizado. É nisso que o xadrez o pode ajudar, desenvolvendo: o raciocínio, a capacidade de análise e de síntese, a capacidade de tomada de decisões, a capacidade de avaliação da hierarquia do problema e tempo disponível para a sua resolução, o empenho no progresso contínuo, a criatividade, ao procurar uma combinação (sequência de lances) brilhante. O xadrez como prática educativa não é novo: segundo o livro Ajedrez: 2000 anõs de história, há mais de mil anos que este fazia parte da pedagogia árabe. Também por cá o primeiro rei da dinastia de Avis, D. João I, recomenda o jogo como exercício no seu Livro de Montaria. Já nos anos sessenta do nosso século foi criada na Ex-União Soviética, em Moscovo, uma Faculdade de Xadrez. Em França, há experiênciade ensino do xadrez na escola, em todos os graus de ensino, desde o colégio infantil à Universidade; em muitas escolas secundárias há programas que incluem 3 horas semanais de xadrez. No Brasil, o projecto Ensino do Xadrez nas Escolas Estaduais tinha, em Dezembro de 1996, mais de duzentos e trinta mil alunos. A prática lúdica possui um inegável valor educativo: há que saber valorizá-la. Em prol de uma escola menos «mecânica» e mais interactiva.


by José Fernando in jornal "O Ribatejo", Abril 1998

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1 comentário:

Xeque-ao-rei disse...

Sábado, 2 jogos importantes: Portugal-Turquia e G.X.Torres Novas-Casa do Xadrez. Esperemos que nem Portugal nem a Casa do Xadrez se vejam "gregos" para ganhar :)