O Grupo de Xadrez de Santarém (GXS) ganhou esta temporada todas as competições distritais em que participou. Começando pelos mais novos: a Joana Fidalgo é a campeã distrital de sub-12; o Pedro Cordeiro de sub-18; o Ricardo Lopes de sub-20; o Luís António (perdão, o Sr. Dr. Luís António) é o campeão dos mais crescidos; e, por fim, o Grupo venceu o campeonato distrital por equipas, pelo que passará a disputar em Maio a 2ª divisão. Não será exagero afirmar que o xadrez é a única modalidade desportiva (excluindo talvez o ping pong até há algum tempo atrás) em que a cidade teve uma expressão a nível nacional. A não ser claro, é claro, que se considere também a picaria como desporto... Poder-se-ia pois esperar que a Câmara de Santarém apoiasse uma modalidade que até sai relativamente barata. O xadrez é o jogo mais democrático que há: com 1000$00 pode-se comprar na Federação um campo de jogo. O que evidentemente não tem comparação possível com os campos de outras modalidades em que a referida Câmara tem investido... sem muito proveito, aliás. Seria talvez mais «estratégico» investir naquilo em que somos realmente bons, e que até nem sai muito caro.
Não vamos entrar aqui em números, até porque os subsídios atribuídos pela Câmara são do domínio público. Nem em pedinchices: não é porque o subsídio dura quinze dos trezentos e sessenta e cinco dias que o ano tem que o Grupo vai acabar. Agora, que é pena que os jovens que vão jogar, defendendo o nome da cidade, tenham de pagar do seu bolso as deslocações (para além do almoço), ou que nessas condições não possam ir a mais torneios para além das provas oficiais, isso é pena.Como é pena que o esforço desses jovens não encontre um apoio decidido para as muitas ideias que têm. Porque o xadrez, para além de desporto, é cultura. Câmaras há que já perceberam que o xadrez é uma maneira de terem os jovens ocupados de forma continuada, desenvolvendo mesmo PDXs (Plano de Desenvolvimento do Xadrez): será isso para desprezar numa cidade com uma oferta tão limitada em termos de actividades de ocupação de tempos livres ? À falta de apoio, bons jogadores que já fizeram parte do GXS «emigraram» para Rio Maior, elevando a cidade à primeira divisão nacional: é que essa Câmara não lhes regateou apoios, tendo mesmo atribuído ao Grupo a medalha de ouro da cidade. Inicialmente, o objectivo desta crónica, para além da difusão do interesse pelo xadrez, foi também o de dar ao Grupo uma voz para defender junto da autarquia a valorização desta modalidade. Esperando que o «Bingo» desta temporada desperte finalmente um autêntico interesse da autarquia pelo Grupo e renda alguma coisa aos seus depauperados cofres.
P.S.: A Roda da Carroça, que se joga às quartas-feiras à noite no café Kabab tem feito bastante sucesso: já vamos para a sétima semana e sempre com um forte nível competitivo. Está cada vez mais difícil chegar à Roda: na última sessão chegou-se a ter de fazer bicha mais de uma hora para entrar na Roda.
by José Fernando in jornal "O Ribatejo", Abril 1998
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