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segunda-feira, 26 de maio de 2008

Crónicas sobre Xadrez - número 1

O homem contra a máquina


Disputa do homem contra a máquina tem um longínquo precedente num pretenso autómato que há dois séculos já jogava xadrez (de facto era uma farsa), cuja história aqui contaremos noutra ocasião. A possibilidade de uma «máquina» jogar xadrez só surge realmente após a Segunda Guerra mundial, com o aparecimento do primeiro computador. A guerra fria não se jogou só na corrida ao armamento ou ao espaço: jogou-se também na corrida ao melhor programa de computador para xadrez. Em 1970, em Toronto, jogava o Duchesse contra o Kaissa, programa de computador soviético de xadrez (alcunhado pelos russos a «deusa do xadrez») em parte desenvolvido por Botvinik. A informática e os programas de xadrez iam progredindo a ponto de em 1979 se jogar em Detroit o primeiro campeonato americano de xadrez exclusivamente reservado aos computadores. Dez anos depois, em 1989, a IBM lançava o seu desafio ao campeão do mundo (humano), desenvolvendo para o efeito o Deep Thought, antepassado do actual Deep Blue - que representa uma enorme capacidade computacional muito superior às capacidades de um simples P.C.. Hoje há programas de computador comerciais - já que a IBM não se lembrou ainda de lançar o Light Blue - com mais de 2400 de ELO (sistema de ranking do xadrez) ou seja ao nível dos melhores jogadores do mundo. Mas que mecânica está por trás desta performance ? Como se faz um computador para decidir qual é a melhor jogada ? Tenta prever os encadeamentos possíveis em extensão - muitos programas afixam inclusive o número de jogadas analisadas (que rapidamente chegam às centenas de milhar). É claro que há um momento em que mesmo um computador, na impossibilidade de cobrir todas as possibilidades, precisa de uma heurística (método que permite decidir quais os caminhos mais prováveis e portanto aos quais atribuir prioridade na pesquisa). E o humano, como faz ? Esse está confinado a uma análise mais qualitativa: apenas analisará umas dezenas de possibilidades incluindo algumas variantes (diz-se no xadrez das várias alternativas num certo desenvolvimento). Será ainda possível ganhar ao computador ? Como ? Muitos sugerem que jogando aberturas estranhas (erro em que caiu Kasparov), já que o computador se veria privado da sua base de dados. Para os mais indefectíveis do humano, diga-se que uma é sempre a fulguração (os computadores por enquanto ainda são incapazes disso: embora estejam em desenvolvimento analogias com o cérebro humano, os chamados sistemas neurais): uma ideia que surge de repente, como que inspirada por um misterioso computador que funcionasse no cérebro do jogador; como por exemplo um sacrifício que fure a lógica do computador... (é sabido que os computadores são pouco dados a sacrifícios).

by José Fernando in jornal "O Ribatejo", Março 1998
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4 comentários:

Anónimo disse...

Como as coisas ficam desactualizadas. Passaram 10 anos e hoje software que jogue para 2400 ELO o melhor é ser colocado no lixo. Ribka e Fritz andam perto dos 3000 elo.

Anónimo disse...

"(é sabido que os computadores são pouco dados a sacrifícios)."

Eles que apanhassem com o Zé Socrates e logo viam essa história dos sacrificios! Levavam com gasolina a 300 paus e faziam sacrificios como todos ... ;)

Anónimo disse...

:)))))))))))))

Anónimo disse...

Lol !
Essa do Cyberchess fez-me começar o dia a sorrir.
Tem toda a razão, meu caro !