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segunda-feira, 14 de julho de 2008

(3ª parte. ) Abertura Portuguesa

Abertura Portuguesa

« A ideia de fazer este artigo surge do nome da abertura, que a nós diz respeito, mas também à vontade de saber mais sobre esta abertura. O facto de uma jogadora lusa ter feito com que a respectiva abertura se difundisse pelo mundo, como uma forma arrojada de lutar pela vitória faz todo o sentido no nosso espaço. O ponto alto da Abertura Portuguesa deu-se no princípio dos anos 90, altura em que comecei a aprender e a jogar este inesgotável jogo, e apesar de uma das principais jogadoras da Selecção Nacional Feminina tê-la no seu reportório, confesso que não era muito crente nesta forma de dispor as peças, pois achava uma perda de tempos colocar o Bispo a tão fácil ataque dos peões das pretas. A verdade é que essa perda de tempos não é assim tão exacta e o desenvolvimento das pretas nem sempre é feito nas melhores condições. Hoje em dia, ainda é uma abertura jogada por fortes jogadores, mas não entrando em variantes muito agudas como uma partida de Chenyshov, K (2567) vs Belozer, A (2541) do Campeonato Russo de Equipas em 2007.

Chernyshov, K (2567)

Belozerov, A (2541)

C20 – Abertura Portuguesa

Campeonato da Rússia por Equipas,

Sichi, RUS (2) 2007

1.e4 e5 2.Bb5 Cf6 3.d3 Be7 4.Cf3 0-0 5.0-0 c6 6.Ba4 d6 7.h3 Cbd7 8.Cc3 Cc5 9.Bb3 Te8 10.Be3 Cxb3 11.axb3 d5 12.Bg5 dxe4 13.dxe4 Dc7 ... ½-½ ao fim de 67 lances.

De seguida podemos observar uma boa partida de Alda Carvalho (2041) contra uma jogadora forte já nesse ano, agora tem 2303, sendo que nessa altura estava no auge da sua carreira xadrezista. Hoje é casada com o GM Sergey Movsessjan (2695), sendo que a Alda é casada com o nosso bem conhecido Carlos Pereira dos Santos (2418), oque acaba por ser proporcional!

Carvalho, Alda

Krupkova, P (2325)

C20 – Abertura Portuguesa

Olimpíada Feminina Erevan (6) 1996

1.e4 e5 2.Bb5 c6 3.Ba4 Cf6 4.De2 Bc5

4...Be7 com ideia de manter o centro, desenvolver as peças e mais tarde, preparando bem, disputar o centro com d5.

5.Cf3 0-0

5...d5!? 6.exd5 0-0 7.Cxe5 Te8 8.c3 Bxf2+ 9.Rf1 Bg4 10.Dxf2 Txe5 11.Rg1 De7 0-1 Vescovi, G (2465) – Sokolov, I (2645) Sigeman & Co 1995.

6.0-0 Te8 7.c3 d5 8.d3Cbd7 9.Cbd2 a5 10.Td1 dxe4

Aqui as pretas estão ligeiramente melhor, têm mais espaço, criando uma maior pressão sobre as brancas, mas com este lance simplifica muito o jogo, deixando as brancas igualar. 10...b5 11.Bc2 Bd6, para libertar a casa de c5 para o Cavalo, colocando mais pressão em e4, libertando, assim, a diagonal c8-h3 para um possível desenvolvimento do Bispo das pretas nessa diagonal ou, simplesmente, para manobrar o cavalo para f4.

11.Cxe4 Cxe4 12.dxe4 b5 13.Bc2 a4 14.Be3 Dc7?



15.b4

15.Txd7! Bxd7 16.Bxc5+-.

15...axb3 16.axb3 Txa1 17.b4? 18.Bd2

18.Bxc5!? Cxc5 19.Dc4 Db6 20.cxb4+-.

18...Cb6 19.De1

19.cxb4 +-.

19...bxc3 20.Bxc3 f6 21.b4 Bd6 22.Bb3+ Be6 23.Db1 Df7 24.Bxe6 Dxe6 25.b5 Bc5 26.bxc6 Dxc6 27.Bb4 Bxb4 28.Dxb4Cd7 29.Cd2 Tb8 30.Dc4+ Dxc4 31.Cxc4 Cc5 32.f3 Ce6

Parece óbvio o excesso de respeito demonstrado pela jogadora, com um Elo respeitável, Petra Krupkova. Uma prova que o resultado não está definido ao inicio, por muita margem de Elo que exista! As hipóteses que a Alda teve neste jogo foram reais, mas é difícil aproveita-las quando vamos para a partida com pouca confiança! O empate foi bom resultado, mas a vitória seria mais difícil de esquecer!! ½ - ½

O jogo seguinte demonstra que a Abertura tem de ser jogada com exactidão, de forma a não comprometer o desejo de fazer um bom jogo!

Carvalho, Alda

Fernando, Diogo

C20 – Abertura Portuguesa

Distrital de Lisboa, 1997

1.e4 e5 2.Bb5 c6 3.Ba4 Cf6 4.d4 Cxe4 5.De2 f5 6.dxe5 Bc5 7.Be3 De7 8.Cf3??


8.c3

8...Bxe3 9.Dxe3 Db4+ 10.Cc3 Cxc3 11.Dxc3 De4+ 12.Rf1 Dxa4 (...) »

por Catarina Leite, em RPX nº1 Março-Abril 2008

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domingo, 13 de julho de 2008

(2ª parte. ) Abertura Portuguesa

Enviou-me o meu amigo António Mendes Curado este excelente artigo com o pedido de publicação. É um orgulho para este miserável blog receber material desta qualidade. Venha mais Mestre Curado!


UMA ABERTURA PORTUGUESA – TEM CERTEZA?!

Num passado distante, Portugal ingressou nos anais enxadristicos



[1] graças ao trabalho pioneiro realizado pelo boticário Pedro Damião.Nascido na segunda metade do século XV, na localidade de Odemira, pertencente à província lusitana de Alentejo, esse personagem quase lendário, mais conhecido pela denominação italiana de Pietro Damiano
[2], saiu do anonimato para as páginas da história do xadrez, em decorrência do lançamento em Roma, no ano de 1512, da obra de sua autoria intitulada” Questro libro e da imparare giocare a scachi et de le partiti” (“Este livro é de aprender a jogar xadrez e ler partidas”).
[3]
Escrito em italiano e espanhol, contendo aberturas, finais, problemas, partidas e até mesmo recomendações estratégicas e táticas – este livro mereceu o reconhecimento dos principais estadistas da época, sobressaindo pelo seu ineditismo e valor didático. Há muitos anos, figura entre as mais cobiçadas raridades enxadristicas, constando existir apenas um exemplar na biblioteca Queriniana de Bréscia, na Itália.


Já nos dias atuais, a pátria de Damiano aparece novamente reivindicando a paternidade de uma interessante contribuição teórica. Com base nos lances iniciais 1 e4 e5 2 Bb5!?, uma plêiade de jogadores portugueses efectuou um obstinado trabalho de pesquisa, compreendendo a sistematização dessa curiosas variante e culminando em 1990 com a edição do livro” A Abertura Portuguesa”, elaborada a quatro mão por António Ferreira e Pedro Paulo Sampaio.

Sem pretender tiara o brilho de tão louvável iniciativa, mas movido unicamente pelo intuito de estabelecer a real origem desta inusitada ideia, empreendemos uma viagem no túnel do tempo e encontramos na vetusta revista alemã ” Deutsche Schachzeitung”, em seu número de Fevereiro de 1904, a transcrição de uma partida jogada em 20.01.1904, no Campeonato do Clube de Xadrez de Viana, entre Carlos Schlechter x Ricardo Teichmann, com o seguinte comentário elucidativo referente ao lance 2 Bb5: “ Naturlich von Alapin vorgeschlagen; Weiss beabsichtigte, even. Se2 nebst f4 zu spilen” (Naturalmente, uma continuação devida a Alapin; as Brancas planejam jogar eventualmente Ce2, seguido de f4”).

Diante desta constatação, verifica-se que a glória de ter idealizado a continuação-chave 2 b5!? Cabe ao teórico e mestre russo Simão Alapin( 1856-1923), enquanto que os méritos do estudo , prática e divulgação dessa interessante linha de jogo pertencem aos engenhosos xadrezistas lusitanos. Uma prova evidente disso é a seguinte partida disputada entre o mestre português Rui Dâmaso d’Almeida e o seu colega brasileiro Herman Clausdius van Riemsdijk, por ocasião do Torneio Internacional do Clube de Xadrez São Paulo, em maio de 1989.


1. Introdução retirada do livro de Ronaldo Câmara, “ NO MUNDO DOS TRABELHOS” edição de 1996, UFC CASA DE JOSÉ DE ALECAR PROGRAMA EDITORIAL.

2. LIVRO PARA APRENDER A JOGAR XADREZ, edição CAMPO DAS LETRAS, Introdução e tradução de Nuno Sá, 2008 – ISBN 978-989-625-298-4


António Mendes Curado, Coimbra, 2008-07-13



[1] A presente transcrição segue na íntegra, o texto em português do Brasil.

[2] Pietro Damiano” arcebispo de Óstia, que 1061 numa carta dirigida ao Papa Alexandre II condenou os eclesiásticos nomeadamente o Bispo de Florença por jogarem xadrez e este, ser considerado um jogo de azar, muitas vezes confundido com o autor Damiano Portugese.

[3] LIVRO PARA APRENDER A JOGAR XADREZ, edição CAMPO DAS LETRAS, Introdução e tradução de Nuno Sá, 2008 – ISBN 978-989-625-298-4


Crónicas sobre xadrez - número 8

A intermediação pelo arquétipo...

Para além da questão da determinação da origem do xadrez, interessa reflectir nas razões que o levaram a tornar-se no jogo mais internacionalizado depois do futebol: depois da FIFA, é a FIDE. Se o fenómeno do futebol é recente (não tem mais de cem anos de história), já a adopção do jogo de xadrez pelos mais variados povos vem de muito mais longe...

Como explicar esta extraordinária universalização antes de haver medias ? Na Idade Média, antes que os portugueses chegassem à India, já o jogo se jogava em todo o hemisfério Norte, de Portugal ao Japão ! À sua chegada à India, muitas coisas terão surpreendido Vasco da Gama, e antes dele Pero da Covilhã, que já lá havia estado por conta de El-Rei D. João o Segundo, como por exemplo a parecença entre o culto indígena e o cristão.

Nessa altura, o espírito estava ainda aberto à parecença na diferença, ao respeito pelo «Outro», Rei do Congo ou qualquer outro. Ideia que depressa esmoreceu sob o peso da corrupção gerado pelos «fumos» das especiarias e pelo poder fraco de D. Manuel e seu filho D. João, o Pioso. Pioso em demasia, levou à entrada da Inquisição no nosso país, o que viria a iludir o esforço de tolerância que houvera caracterizado os primeiros tempos dos descobrimentos. Abandonou-se o espírito inicial, de «religação do mundo», para ensaiarmos a perigosa via da anulação do «Outro», detentor de sua própria e inassimilável identidade e cultura. Perdeu-se assim o esforço de miscigenação do obreiro do Império: Afonso de Albuquerque, que fez dos portugueses mediadores. A ideia, que já lhe vinha da altura em que era capitão da guarda do Príncipe Perfeito, era fazer dos portugueses não apenas mediadores comerciais, agarrados ao ganho efémero, mas sim mediadores culturais que pudessem fazer uma proveitosa síntese entre a sua própria e essas culturas distantes, baseando-se nos seus pontos comuns, que os havia, tal o xadrez.

Mas começou a perseguir-se a diferença na parecença e tudo foi de mal a pior, com mútuas desconfianças. A primeira geração de jesuítas ainda tentou essa síntese in extremis (em Cipango), esforço gorado, não fossem os 5% de japoneses cristãos (e perseguidos durante séculos) e a centena de palavras de origem portuguesa em japonês (para saber como se diz Cristo em japonês imagine-se um português soletrando com muito cuidado a palavra Kirishito). Voltando ao xadrez para tentar responder à questão da universalidade do jogo. Não será a disseminação do jogo e a própria reivindicação múltipla da sua origem uma prova de que o xadrez pode ser considerado um arquétipo da humanidade ? Desempenhando um papel pedagógico – pretexto para a iniciação dos mais novos nas coisas da guerra – ou mesmo sagrado: na India faziam-se jogos humanos em que os guerreiros «comidos» eram sacrificados e Al Masudi, historiador árabe do século X, afirma que os hindus são capazes de ler o passado e o futuro num jogo de xadrez.

by José Fernando in jornal "O Ribatejo", Maio 1998


P.S.: As crónicas aos domingos vão ser suspensas por um mês devido a férias. Boas férias para todos !

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sábado, 12 de julho de 2008

Ana Baptista já é Mestre Fide Feminina

A nova Mestre Fide Feminina Ana Filipa Baptista (GC Odivelas)-

Segundo informação do blog "Ala de Rei", por Francisco Vieira, Portugal passa a ter mais uma Mestre Fide Feminina (WFM) Ana Filipa Baptista do Ginásio Clube de Odivelas (ver na FIDE).

Os nossos parabéns a esta jovem promissora xadrezista !



Ana Baptista
, durante a Fase Preliminar do Nacional Absoluto 2007 (foto de Carlos O. Dias).

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Tonteiras das Sextas à noite ... (parte IV)

Há clubes e clubes...




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As sextas não começam no jantar !

A nossa vida às sextas-feiras não começam com o jantar. Há um looooooongo processo de logística, como podem ver a seguir.




Depois... bem, depois vem mesmo é o jantar ! Que estas grades de 30 bujecas pesam muito.





O chefe do restaurante "O Nortenho" !
O primeiro que nos atura às sextas-feiras é este senhor.




Depois temos a Mónica.
A Mónica sim, merecia um aumento pelo que tem de aturar às sextas à noite !




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