« A ideia de fazer este artigo surge do nome da abertura, que a nós diz respeito, mas também à vontade de saber mais sobre esta abertura. O facto de uma jogadora lusa ter feito com que a respectiva abertura se difundisse pelo mundo, como uma forma arrojada de lutar pela vitória faz todo o sentido no nosso espaço. O ponto alto da Abertura Portuguesa deu-se no princípio dos anos 90, altura em que comecei a aprender e a jogar este inesgotável jogo, e apesar de uma das principais jogadoras da Selecção Nacional Feminina tê-la no seu reportório, confesso que não era muito crente nesta forma de dispor as peças, pois achava uma perda de tempos colocar o Bispo a tão fácil ataque dos peões das pretas. A verdade é que essa perda de tempos não é assim tão exacta e o desenvolvimento das pretas nem sempre é feito nas melhores condições. Hoje em dia, ainda é uma abertura jogada por fortes jogadores, mas não entrando em variantes muito agudas como uma partida de Chenyshov, K (2567) vs Belozer, A (2541) do Campeonato Russo de Equipas em 2007.
Chernyshov, K (2567)
Belozerov, A (2541)
C20 – Abertura Portuguesa
Campeonato da Rússia por Equipas,
Sichi, RUS (2) 2007
1.e4 e5 2.Bb5 Cf6 3.d3 Be7 4.Cf3 0-0 5.0-0 c6 6.Ba4 d6 7.h3 Cbd7 8.Cc3 Cc5 9.Bb3 Te8 10.Be3 Cxb3 11.axb3 d5 12.Bg5 dxe4 13.dxe4 Dc7 ... ½-½ ao fim de 67 lances.
De seguida podemos observar uma boa partida de Alda Carvalho (2041) contra uma jogadora forte já nesse ano, agora tem 2303, sendo que nessa altura estava no auge da sua carreira xadrezista. Hoje é casada com o GM Sergey Movsessjan (2695), sendo que a Alda é casada com o nosso bem conhecido Carlos Pereira dos Santos (2418), oque acaba por ser proporcional!
Carvalho, Alda
Krupkova, P (2325)
C20 – Abertura Portuguesa
Olimpíada Feminina Erevan (6) 1996
1.e4 e5 2.Bb5 c6 3.Ba4 Cf6 4.De2 Bc5
4...Be7 com ideia de manter o centro, desenvolver as peças e mais tarde, preparando bem, disputar o centro com d5.
5.Cf3 0-0
5...d5!? 6.exd5 0-0 7.Cxe5 Te8 8.c3 Bxf2+ 9.Rf1 Bg4 10.Dxf2 Txe5 11.Rg1 De7 0-1 Vescovi, G (2465) – Sokolov, I (2645) Sigeman & Co 1995.
6.0-0 Te8 7.c3 d5 8.d3Cbd7 9.Cbd2 a5 10.Td1 dxe4
Aqui as pretas estão ligeiramente melhor, têm mais espaço, criando uma maior pressão sobre as brancas, mas com este lance simplifica muito o jogo, deixando as brancas igualar. 10...b5 11.Bc2 Bd6, para libertar a casa de c5 para o Cavalo, colocando mais pressão em e4, libertando, assim, a diagonal c8-h3 para um possível desenvolvimento do Bispo das pretas nessa diagonal ou, simplesmente, para manobrar o cavalo para f4.
11.Cxe4 Cxe4 12.dxe4 b5 13.Bc2 a4 14.Be3 Dc7?
15.b4
15.Txd7! Bxd7 16.Bxc5+-.
15...axb3 16.axb3 Txa1 17.b4? 18.Bd2
18.Bxc5!? Cxc5 19.Dc4 Db6 20.cxb4+-.
18...Cb6 19.De1
19.cxb4 +-.
19...bxc3 20.Bxc3 f6 21.b4 Bd6 22.Bb3+ Be6 23.Db1 Df7 24.Bxe6 Dxe6 25.b5 Bc5 26.bxc6 Dxc6 27.Bb4 Bxb4 28.Dxb4Cd7 29.Cd2 Tb8 30.Dc4+ Dxc4 31.Cxc4 Cc5 32.f3 Ce6
Parece óbvio o excesso de respeito demonstrado pela jogadora, com um Elo respeitável, Petra Krupkova. Uma prova que o resultado não está definido ao inicio, por muita margem de Elo que exista! As hipóteses que a Alda teve neste jogo foram reais, mas é difícil aproveita-las quando vamos para a partida com pouca confiança! O empate foi bom resultado, mas a vitória seria mais difícil de esquecer!! ½ - ½
O jogo seguinte demonstra que a Abertura tem de ser jogada com exactidão, de forma a não comprometer o desejo de fazer um bom jogo!
Carvalho, Alda
Fernando, Diogo
C20 – Abertura Portuguesa
Distrital de Lisboa, 1997
1.e4 e5 2.Bb5 c6 3.Ba4 Cf6 4.d4 Cxe4 5.De2 f5 6.dxe5 Bc5 7.Be3 De7 8.Cf3??
8.c3
8...Bxe3 9.Dxe3 Db4+ 10.Cc3 Cxc3 11.Dxc3 De4+ 12.Rf1 Dxa4 (...) »
por Catarina Leite, em RPX nº1 Março-Abril 2008
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