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terça-feira, 17 de maio de 2011

Carlos Carneiro: Xadrez - Partilha de um Organizador...e Balsamão

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Caros Xadrezistas,

O cancelamento de mais um torneio de xadrez de clássicas, o 2º em menos de 15 dias, leva-me a escrever-vos este texto, porque julgo ser importante para todos pensarmos nas razões destas situações. É sobretudo importante para mim receber, as vossas opiniões, sugestões, pensamentos, sobre estes factos e tudo o que lhe pode estar associado.

Um pouco de história pessoal…

Jogo xadrez desde os 14 anos, nestes 33 anos tenho percorrido os vários caminhos de; jogador, seccionista, monitor, treinador, formador, árbitro, empresário e mais recentemente organizador de eventos.

Em 2002 o passo de criar uma empresa de xadrez (primeira e única até agora…), teve como motivação fazer mais e melhor pelo xadrez, esta ideia levou-me ao mundo da organização, promoção, divulgação de uma forma mais profissional, nesse âmbito organizei todos o tipo de eventos relacionados (torneios, abertos, fechados, clássicas, semi-rápidas, rápidas, simultâneas, exposições, etc…, chegando mesmo em 2006 a abrir uma loja (a primeira em Portugal…) exclusivamente dedicada a este fantástico jogo.

Depois de muito trabalho, dedicação, muitas decisões certas e erradas, onde talvez demasiadas vezes, a emoção se sobrepôs á razão (talvez um pouco paradoxal sendo mestre de xadrez…), o resultado pessoal foi uma “factura” (que ainda hoje pago…) financeira, pessoal, emocional, muito grande, especialmente grave porque também envolveu algumas pessoas que me estavam próximas…

2008 Foi a ano do ponto final…parar com tudo e assumir que se calhar não valia a pena…as percas de todos os pontos de vista eram demasiado altas…

A vida profissional seguiu por outras áreas, mantendo-me, sempre, como jogador e pontualmente na área da formação/treino.

Em Setembro de 2009 surge o convite para continuar um projecto já existente em Mirandela exclusivamente de xadrez, não resisti, até porque as coisas estavam a andar bastante devagar nas outras áreas.

O contacto diário e total com xadrez, despertou de novo a vontade de “fazer” mais coisas, organização, eventos que o país persistia, salvo algumas honrosas excepções, em não ter, especialmente torneios de clássicas, absolutamente necessários, especialmente para o “crescimento” dos mais jovens.

2011 Novas ideias….

A experiência obtida com a realização entre 2003 e 2008, de 22 torneios de clássicas e dezenas de outros eventos, dava-me uma experiência e conhecimento que seriam muito importantes para tentar de novo, acreditei, fui em frente.

A realidade do pais já não era muito animadora, é facto, os apoios que em 2003/4/5/6 que ainda permitiram organizar alguns eventos (alguns sim…porque outros houve, que foram total ou parcialmente patrocinados por mim…), já não existiam, pelo que se queria organizar torneios, teria que inventar outro modelo, assim já este ano aparecerem os torneios tendencialmente “auto-financiados”,

Com este modelo se realizaram Idanha-a-Nova, Ponte de Lima e Fátima, cancelaram-se este mês, Viana do castelo e Costa da Caparica.

Este modelo depende totalmente da participação (estadias nos Hotéis e inscrições), ora se os 3 primeiros foram um razoável sucesso (sem perder dinheiro…), nos 2 últimos, a sua realização implicaria percas de centenas de euros em cada um. Notem que mesmo o seu cancelamento teve custos…troféus já encomendados, visitas previas ás unidades, telefone e principalmente muito tempo e stress.

Muitos de vós perguntarão, mas como se cancela um torneio (Caparica) que a 3 dias do seu início tem 44 inscritos…? Bem a resposta é simples…o meu prejuízo liquido ascenderia a mais de 800 euros !!!

Estarão as contas mal feitas…? Terá sido mal pensado…? Perguntas legitimas…

Para conseguir locais com qualidade para jogar xadrez e organização técnica e logística a condizer, há custos e é necessário assumir alguns compromissos (não há almoços grátis….) negociar com os hotéis, implica dar-lhes algumas garantias de ocupação, para as salas não terem custos e ainda apoiarem financeiramente os eventos, ora em Viana do Castelo havia 1 quarto reservado, e na Caparica 4…!?

Cancelar torneios não é uma decisão fácil, implica fechar portas, portas que se abriram para receber e apoiar o xadrez, onde com muita boa vontade foram esmagados preços, não se pedem valores na reserva, reduz-se ao mínimo o tempo para reservas, oferecem-se salas com qualidade, tudo isto para nós jogarmos xadrez…pensem nisto….

Sem querer fazer análises muito extensas e apenas como exemplos paradigmáticos ao nível da participação:

Os distritos de Setúbal e Lisboa juntos, (não implicando portanto estadia….) têm em 2011 cerca de 800 federados….no torneio da Caparica apenas se inscreveram 37…os restantes 7 ou não estavam federados ou eram de outros locais. O que se passa? Não me lembro do último torneio de clássicas com prémios em dinheiros nestes distritos…5 anos? 10 anos ?...

O distrito do Porto que tem 378 jogadores federados, teve nestes torneios (os realizados e os cancelados…) a seguinte participação/inscrição:

Idanha-a-Nova (4), Ponte de Lima (7), Fátima (0), Viana do Castelo (0), Caparica (0) – já agora..eram todos jogadores do clube do árbitro ou do organizador…

Deixo várias questões para pensarmos:

Os jogadores e responsáveis acham importantes/úteis estes torneios?

Os torneios têm a qualidade necessária/expectável?

A relação qualidade/preço/prazer é/era boa?

Devo continuar a tentar realizá-los?

Sobre a última pergunta, por enquanto a resposta está nos anexos a este mail…divulguem, participem!


Ps: Não se esqueçam de ler os regulamentos atentamente, especialmente sobre os prazos de inscrição e reservas, quanto mais cedo as fizerem melhor para todos, já agora as excelentes ofertas hoteleiras estão sempre disponíveis para não jogadores de xadrez, passem essa informação aos amigos, família, a ocupação das unidades dá-nos credibilidade e melhor capacidade negocial para as vezes seguintes, nos sítios onde as portas ainda não se fecharam...

Agradecendo a vossa paciência para lerem este texto, agradeço antecipadamente todos os comentários e sugestões.

Cumprimentos

Carlos Carneiro

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3 comentários:

Anónimo disse...

Quanto á pergunta, vale a pena realizar torneios de xadrez em Portugal? Creio que vale, mas tudo depende do tipo de torneios que se pretende realizar. Compreendo o facto de quando a paixão pelo xadrez é grande que se coloque a emoção á frente da razão, mas na actualidade e em tempos de crise, é preciso a meu ver acautelar-se o factor financeiro e só se partir para a realização desses projectos quase com plena certeza de sucesso ou com claros indicadores que é o momento certo, até para não se estar a fechar portas desnecessáriamente para oportunidades futuras. Para mim, a ideia de torneios de clássicas é absolutamente essencial, não apenas no crescimento dos jovens mas do xadrez em si, mas creio que está também interligado ao sucesso e constância da existência de outros circuitos como seja o circuito de Lisboa, porque simplesmente a comunidade xadrezistica é a mesma! Acho por isso, de grande importância sempre quem está na AXL, etc ter essa visão e por isso acho de suma importância que sejam pessoas do xadrez a lá estar, porque a meu ver não é a fazerem-se eliminatórias para o distrital a cinco rondas que se promove o xadrez. Para mim, acho que a constância num calendário de torneios é muito importante, para os xadrezistas se habituarem a uma agenda e não a provas que num ano se realizam e no outro temos o fiasco total com o afastamento ciclico dos jogadores e basta um ano de medíocridade na acção para nos custar a todos nós vários anos a recuperar. Para mim, só com a implementação de vários circuitos de clássicas primeiro como é o caso do de Lisboa, de modo consistente e com os clubes a contactarem os jogadores, é que depois poderíamos ter espaço para termos um âmbiente xadrezistico maduro para se começar depois a encher os torneios nos hoteis, porque não vejo muito como não havendo torneios de base ao nível do circuito de Lisboa por exemplo, possa haver sucesso nos torneios que o Carlos Carneiro costuma organizar. Sei que são diferentes, mas a meu ver, é necessário um crescimento e acima de tudo constância de calendário e para isso é muito importante estarem pessoas dinâmicas nos lugares chave. Sobre os seus torneios, creio também que é importante as clássicas para rating mas conseguir-se um mínimo de 7 rondas e afastar por completo as rondas duplas, porque a meu ver tem de se apostar no relax e no disfrutar os locais e as rondas duplas envolvem já um elemento de stress que muito provávelmente afastará também quem inicialmente procura as clássicas em grande âmbiente e tempo para disfrutar de passeios pelos locais. Sei que essa questão é difícil de se conseguir, mas acho que o xadrez não se deve subverter aos hoteis a qualquer preço.(cont)

Classical chess

Anónimo disse...

(cont) Em Portugal, no desporto em geral existe muito a cultura do lucro pelo lucro ou do desporto visto como um negócio, mas a meu ver no contrato com os hoteis, a questão das 7 rondas é fundamental até para fomentar por exemplo o turismo desportivo de quem quer tirar uma semana de férias e saber que vai jogar sossegadamente num hotel e ter tempo durante o resto do dia para outras actividades. O calendário mais focado para o verão poderá ser também uma ideia. Assisti ao aparecimento da loja de xadrez no centro comercial de Mem-Martins, e desde o início que achei que não só a loja mas todo o projecto de lojas para aquele centro passariam por dificuldades porque já anteriormente tinha o conhecimento do centro 2M na área ter sido também um projecto que falhou no tempo, mas isso só era compreensível conhecendo localmente os hábitos e perspectivas das pessoas no consumo. Acho por isso, que relativamente aos hoteis o xadrez não deve ceder um milímetro nos objectivos a que se propõe, porque em Portugal é tudo muito engraçado e as pessoas vêm com bons olhos o xadrez e o pessoal do xadrez, quando lhes trazem lucros, como seria por exemplo o caso dos cafés ou outras lojas em redor da loja de xadrez, mas quando isso não acontece já querem é ver o pessoal do xadrez pelas costas, por isso acho que o xadrez tem de passar primeiro por um processo organizativo com pessoas dinâmicas do ponto de vista organizativo e pessoas que oiçam os xadrezistas e depois quando estiverem criadas condições, por exemplo até tendo-se a garantia de antemão que um determinado número de xadrezistas vão participar no torneio, então avançar-se para o contacto com os hoteis mas sempre defendendo o xadrez e nunca subvertendo o xadrez a uma lógica únicamente de lucro por parte dos hoteis. É preciso também pensar-se os locais com muito cuidado. Como disse anteriormente, só com um circuito bem firmado anteriormente e com uma cultura de lentas já adquirida e enraizada no calendário se pode pensar em alargar únicamente para os nacionais a prática e conceito de turismo desportivo ou então pensar-se em projectos maiores e pensar-se no jogador estrangeiro, mas isso seriam opens muito mais fortes e a requerer muito mais do ponto de vista organizativo. Para mim, uma coisa é certa: Há sempre lugar para se fazer melhor e há sempre lugar para se realizar bons torneios de xadrez em Portugal.
Os jogadores e responsáveis acham importantes/úteis estes torneios? Como jogador acho importante estes torneios dentro das premissas que citei mas desconheço se são importantes ou úteis para alguns responsáveis. Acho muito importante a resposta a essa questão por parte de quem detém cargos de decisão.
Os torneios têm a qualidade necessária/expectável? Sim, creio que têm embora não tenha participado em nenhum, a meu ver prefiro as 7 rondas sempre como mínimo e o desaparecimento das rondas duplas.
A relação qualidade/preço/prazer é/era boa?
Desconheço o preço comparativamente a outros hoteis no espaço europeu, embora creia que a qualidade seja boa.

Classical chess

Anónimo disse...

Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande.
(António Aleixo)
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Se calhar é isto que o xadrez devia fazer. Nesta semana foram cancelados o FIDE do Bombarral e um torneio organizado pelo José Cavadas(adiado?)
O problema é que existem dezenas de torneios, uns melhores, outros piores, que insistem no modelo "fim de semana a correr".
Os torneios do Carlos Carneiro até são dos melhores que se fazem em Portugal.
Os outros, salvo o devido respeito, são torneios que dificilmente terão valor competitivo e que aporte mais valias ao xadrez.
É um facto que ninguém pode jogar bom xadrez stressado, e a maioria desses torneios em vez de contribuir para o relax, provoca o efeito contrário.
Sugeria que em vez de fazer mil torneios pequeninos se fizesse um ou dois super-torneios.
A cobertura mediática e o retorno financeiro para os organizadores poderia ser muito maior e com isso haver benefício geral.