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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Vencer no xadrez pode ser um hábito


Rapaz joga xadrez em Nova York: experts usam mais partes do cérebro que jogadores casuais

(Foto: The New York Times)


Quando jogadores amadores de xadrez tentam jogar contra especialistas, provavelmente questionam-se o que o que torna estes tão bons.

Uma nova pesquisa sugere que os especialistas usam uma parte maior dos seus cérebros.

Num estudo divulgado na edição atual da revista "PLoS One", uma equipa de cientistas da Alemanha mostrou, a especialistas e a novatos, objetos geométricos simples e posições simples de xadrez e pediram que os participantes os identificassem.

Os tempos de resposta foram registrados e a atividade cerebral foi monitorada com o uso de leituras de ressonância magnética.

Na identificação dos objetos geométricos, os participantes tiveram o mesmo desempenho mostrando que os profissionais do xadrez não tinham habilidades especiais de visualização.

Quanto às posições de xadrez, os especialistas identificaram-na com maior rapidez.

Com base num estudo anterior sobre o reconhecimento de padrões por especialistas em xadrez, os pesquisadores esperavam ver partes do hemisfério esquerdo cerebral, que é o responsável pelo reconhecimento de objetos, reagir de forma mais dinâmica nos jogadores do que nos novatos quando da tarefa relacionada ao jogo.

Mas os tempos de reação foram os mesmos.

O que destacou os jogadores foi que partes de seus hemisférios direitos, que são mais envolvidos no reconhecimento de padrões, também se acenderam de atividade.

Os jogadores estavam a processar a informação em dois lugares ao mesmo tempo.

Os pesquisadores também descobriram que, ao ver os diagramas de xadrez, os amadores olhavam diretamente para as peças para reconhecê-las, enquanto os especialistas olhavam para o centro do tabuleiro e captavam tudo com a visão periférica.

Um dos pesquisadores, Merim Milalic, psicólogo cognitivo da Universidade de Tuebingen, na Alemanha, disse numa entrevista que a forma como os cérebros dos jogadores lidavam com as tarefas de xadrez era mais eficiente.

O estudo também mostrou que a perícia é uma habilidade adquirida e não algo natural.

"Isso traz uma mensagem bastante clara", disse ele.

"Isso diz-nos que não existem atalhos para a habilidade".

Num outro estudo, relatado na última sexta-feira na revista "Science", pesquisadores do Instituto Riken de Ciência do Cérebro, no Japão, tentavam descobrir que regiões do cérebro davam aos especialistas em "shogi", um jogo similar ao xadrez, a sua percepção.

Os cientistas recrutaram jogadores iniciantes, intermediários e profissionais.

Os participantes observavam diferentes tipos de posições e problemas do jogo, além de diagramas e fotografias de xadrez e xadrez chinês.

De seguida, tinham de responder perguntas sobre cada imagem e solucionar algumas das posições do shogi e as suas respostas eram cronometradas.


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jogo de Shogi


Comparados aos amadores, os especialistas em shogi não reagiram diferentemente aos diagramas de xadrez e xadrez chinês, indicando que sua perícia era altamente especializada.

Assim como no estudo alemão, a atividade cerebral dos participantes foi monitorada com leituras de ressonância magnética.

Os pesquisadores descobriram haver duas regiões nos cérebros dos profissionais que eram estimuladas consistentemente quando estes tinham de solucionar os problemas do shogi.

Uma era o "precuneus", que fica no lóbulo parietal superior, onde ocorrem a percepção e o pensamento de alto nível.

A outra área era o núcleo caudado, que fica nos núcleos da base do cérebro.

Essas regiões só eram ativadas nos jogadores intermediários quando eles conheciam os padrões e possuíam uma ideia razoavelmente boa de como solucionar os problemas.

Essas áreas quase nunca eram ativadas nos cérebros dos iniciantes.

A função significativa do núcleo caudado era surpreendente, pelo menos na sua superfície, por fazer parte dos gânglios da base que, segundo os pesquisadores, "deveriam ser responsáveis pela formação e execução dos hábitos e do comportamento direcionado".

Colocado de outra forma, a geração de ideias no núcleo caudado é "rápida e implícita", em vez de consciente.


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Assim, ao que parece, se quiser tornar-se um bom jogador de xadrez e querer a vitória é como formar um hábito.


Fonte: The New York Times

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