Sobre este homem tanto há a dizer.
Algumas ficarão para sempre entre aqueles que mais de perto com ele privaram, outras pode ser que um dia possamos partilhá-las com toda a comunidade xadrezística.
Aqui deixo parte de um texto retirado do blog do Arlindo Vieira (AV) e de sua autoria (espero não ser processado porque não lhe pedi autorização, mas como se vê também o AV tinha em grande apreço o Manuel Martinho.
«Era assim o Martinho Lopes, explosivo, de mar largo, de onda bravia, mas também de um enorme coração, de uma franqueza, de uma simpatia que cativava. Um senhor do Xadrez, um Senhor que nunca mais tive o privilégio de ver, porque ao que parece, depois deste Campeonato Nacional o Martinho Lopes resolveu tirar umas longas férias de dezenas de anos do Xadrez, quando muito poderia ter dado ao xadrez. Talvez aquilo que em tempos escrevi: quem ama muito a coisa amada, por vezes necessita dela desprender-se para melhor a amar, ou no mínimo amar a memória da beleza dela».
E do blog da Casa Do Xadrez Alpiarca um texto respigado do jornal o Ribatejo.
«É uma figura de e em Santarém. Figura repleta de alacridade, contraponto das figuronas cinzentas, nos antípodas dos figurões interesseiros, manhosos e melífluos. Há mais de quarenta anos, depois de chegar à cidade, ouvi no recanto do café Portugal ressoarem formidáveis e escalonadas entonações; eram as gargalhadas do Manel. Abria os braços qual asas de águia em voo picado soltando às garfadas o riso de quem acabava de ganhar demorada partida de xadrez. Recordo o adversário, senhor de rosto severo, de olhar fundo, protegido por óculos de massa. Trabalhava no Governo Civil, jogava em posição Alekine, o Manel qual Capablanca fumava, bebia não mojitos, brandy, rasgava sorrisos, no fim a famosa gargalhada. Tropeçámos um no outro a propósito de livros, leituras, poetas, num repimpado desfile de nomes, por três vezes citei o Doutor Angélico. De chofre crismou-me São Tomás de Aquino para gáudio do ladino Cadima. Fui seu vizinho durante uns meses, fizemos séria amizade, soltei-me da capital do gótico, quando nos vemos repartimos motetos enquanto descreve pormenores pícaros do enfado citadino. Há largos meses encontrei-o no nosso benfeitor Gonçalves Izabelinha, não gostei do visto e observado a corroborar fugaz visão dando a ideia de estar doente. Na semana passada no campo do herói maneta voltámos a cair nos braços de um e do outro, vestia camisa azul bem passada, queixos escanhoados a preceito, olhar levantado, descontada a idade, seria o Manel da época de glabro oficial de cavalaria inventor de especial forma de bater o tacão dos militares do pelotão por ele comandado como um seu camarada me narrou.»...« Nunca irá receber uma medalha de mérito a realçar a sua acção em prol do ensino do xadrez a inúmeros jovens, os zelotas não o permitiriam, mas que a merece, lá isso merece. Admiro-o tal como é, esbracejante a lembrar pássaro louco enamorado, no caso dele montado num cavalo a derrubar torres e prostrar bispos, dando xeque-mate aos mais pintados.»
Algumas ficarão para sempre entre aqueles que mais de perto com ele privaram, outras pode ser que um dia possamos partilhá-las com toda a comunidade xadrezística.
Aqui deixo parte de um texto retirado do blog do Arlindo Vieira (AV) e de sua autoria (espero não ser processado porque não lhe pedi autorização, mas como se vê também o AV tinha em grande apreço o Manuel Martinho.
«Era assim o Martinho Lopes, explosivo, de mar largo, de onda bravia, mas também de um enorme coração, de uma franqueza, de uma simpatia que cativava. Um senhor do Xadrez, um Senhor que nunca mais tive o privilégio de ver, porque ao que parece, depois deste Campeonato Nacional o Martinho Lopes resolveu tirar umas longas férias de dezenas de anos do Xadrez, quando muito poderia ter dado ao xadrez. Talvez aquilo que em tempos escrevi: quem ama muito a coisa amada, por vezes necessita dela desprender-se para melhor a amar, ou no mínimo amar a memória da beleza dela».
E do blog da Casa Do Xadrez Alpiarca um texto respigado do jornal o Ribatejo.
«É uma figura de e em Santarém. Figura repleta de alacridade, contraponto das figuronas cinzentas, nos antípodas dos figurões interesseiros, manhosos e melífluos. Há mais de quarenta anos, depois de chegar à cidade, ouvi no recanto do café Portugal ressoarem formidáveis e escalonadas entonações; eram as gargalhadas do Manel. Abria os braços qual asas de águia em voo picado soltando às garfadas o riso de quem acabava de ganhar demorada partida de xadrez. Recordo o adversário, senhor de rosto severo, de olhar fundo, protegido por óculos de massa. Trabalhava no Governo Civil, jogava em posição Alekine, o Manel qual Capablanca fumava, bebia não mojitos, brandy, rasgava sorrisos, no fim a famosa gargalhada. Tropeçámos um no outro a propósito de livros, leituras, poetas, num repimpado desfile de nomes, por três vezes citei o Doutor Angélico. De chofre crismou-me São Tomás de Aquino para gáudio do ladino Cadima. Fui seu vizinho durante uns meses, fizemos séria amizade, soltei-me da capital do gótico, quando nos vemos repartimos motetos enquanto descreve pormenores pícaros do enfado citadino. Há largos meses encontrei-o no nosso benfeitor Gonçalves Izabelinha, não gostei do visto e observado a corroborar fugaz visão dando a ideia de estar doente. Na semana passada no campo do herói maneta voltámos a cair nos braços de um e do outro, vestia camisa azul bem passada, queixos escanhoados a preceito, olhar levantado, descontada a idade, seria o Manel da época de glabro oficial de cavalaria inventor de especial forma de bater o tacão dos militares do pelotão por ele comandado como um seu camarada me narrou.»...« Nunca irá receber uma medalha de mérito a realçar a sua acção em prol do ensino do xadrez a inúmeros jovens, os zelotas não o permitiriam, mas que a merece, lá isso merece. Admiro-o tal como é, esbracejante a lembrar pássaro louco enamorado, no caso dele montado num cavalo a derrubar torres e prostrar bispos, dando xeque-mate aos mais pintados.»
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