Aos 82 anos José Afonso é o mais antigo funcionário do Hotel Estoril
Palácio. Encontrou um cliente morto, viu Zsa Zsa Gabor aos gritos,
entrou num filme do 007 e gastou 8 escudos para ver a Revolução.
Era um dia de inverno e o sol ainda não tinha nascido. Como todas as
manhãs, José Afonso saiu pelas traseiras da cozinha do pessoal do Hotel
Estoril Palácio para ir buscar o carvão que ia servir para acender os
fogões da cozinha. O saguão estava mal iluminado, mas José Afonso já
conhecia de cor o caminho até às tulhas. Sabia por isso que havia um
desnível antes de chegar ao compartimento onde se guardavam as pedras de
carvão, uma espécie de lancil. Naquela manhã, porém, tropeçou.
“Era
um homem que estava ali caído, estava morto. Fui a correr à cozinha
chamar o meu tio que estava de serviço, ele chamou o diretor e tomaram
conta daquilo. O homem era um cliente do hotel, um turco, e ninguém sabe
como foi ali parar. Devia andar por ali, falhou-lhe o pé por qualquer
motivo e caiu. Ficou assim, a cabeça para um lado e os pés para o outro.
A notícia saiu no jornal e tudo, com o meu nome, porque tinha sido eu a
encontrá-lo. Foi um grande susto.”
Sessenta e quatro anos depois deste episódio, José Afonso continua no
Hotel Estoril Palácio. Já não trabalha na cozinha do pessoal, onde
esteve depois de passar pela copa e pela cafetaria, já não está na
cozinha dos clientes, já não é bagageiro. Desde 1963 que ocupa o cargo
de voiturier. Todos os dias está na entrada do hotel a receber
os clientes. Abre a porta do carro, dá-lhes as boas vindas, acompanha-os
até à porta de entrada e aponta o caminho para o check in. Caso seja necessário, estaciona as viaturas.
in: Observador
Este Senhor é "novo" demais para ter conhecido Alekhine. É pena ! Devia ter dado uma excelente reportagem.
Ainda sobre a morte de Alehkine, aqui fica um artigo sobre o mesmo do site "Chess History, por Edward Winter: http://www.chesshistory.com/winter/extra/alekhine3.html
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